Que Parauapebas é um município rico em minério, todo mundo está cansado de saber. Mas na região há outra riqueza ainda pouquíssima explorada e que não está no subsolo: sementes, fibras, cascas, folhas das mais diversas e tantos outros elementos da natureza prontos para serem usados por um mercado em franca expansão no mundo todo, o de biojoias, cuja principal característica é a sustentabilidade.
Ao contrário do minério, esses materiais não agridem o meio ambiente, agradando, em cheio, aos olhos dos ambientalistas e simpatizantes. E Parauapebas tem matéria-prima de sobra para produção daquilo que vem sendo chamado de “joia do futuro”. Quase tudo está na Floresta Nacional de Carajás – a Flona Carajás – com seus mais de 400 mil hectares de área rica em fauna e flora amazônicas.
A prefeitura está atenta para o avanço das biojoias – atualmente as “queridinhas” do mundo da moda – e começou a despertar o interesse principalmente de mulheres para esse nicho do mercado que tem condições reais de projetar Parauapebas dentro e fora do Brasil a partir da confecção de peças com materiais típicos da Amazônia, cuja beleza e originalidade costumam chamar atenção de turistas.
Com 29 mulheres e dois homens, a primeira turma de produção de biojoias de Parauapebas será certificada neste mês, após 30 dias de curso básico oferecido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento (Seden). Um desfile vem sendo preparado para exibição das peças produzidas pelas artesãs e artesãos.
A turma aprendeu não só confeccionar biojoias, mas também sobre como empreender, criar sua própria empresa ou cooperativa e buscar recursos junto ao Banco do Povo. Para orientar e ensinar a turma, a prefeitura contou com a parceria do Sebrae, da Organização de Cooperativas do Brasil (OCB) e do Sicredi.
Preciosidades e perspectivas
“O que esse grupo tem nas mãos são riquezas infinitas. A nossa orientação para a turma é que não prospecte só aqui no município, no Pará, no Brasil; mas no mundo. É o planeta que está querendo as preciosidades da Amazônia e que estão aqui em Carajás, onde está nossa Parauapebas”, aponta a coordenadora de Extrativismo da Seden, Maria de Jesus Novais.
A motivação surtiu efeito na turma. “O curso está nos dando oportunidade de ter uma nova perspectiva, bem como nós olharmos nosso município como realmente merece ser visto. Ele tem um potencial enorme em fauna, flora, que nós podemos explorar e trabalhar de forma responsável e lucrativa também. Isso é sustentabilidade”, frisa a aluna Luciene Padilha.
Quem está mais do que convencido do potencial de Parauapebas para o mercado de biojoias é o secretário municipal de Desenvolvimento (Seden), Mariano Junior. Certeza que só aumentou nas feiras turísticas atualmente realizadas em todas as regiões do Brasil e das quais a prefeitura vem participando desde o mês passado.
“Os produtos de vocês são tão impressionantes que foram cogitados para participar do fashion week em Dubai”, anunciou Mariano Junior durante o curso de empreendedorismo para a turma.
O interesse pelas biojoias de Parauapebas partiu do cônsul da Suíça, Fabien Clerc, na feira internacional de turismo em Fortaleza (CE) – a Brazil Travel Market – nos dias 22 e 23 de outubro. “O cônsul adorou o trabalho porque são peças produzidas dentro do conceito que o mundo quer, que é o conceito amazônico, da brasilidade”, diz Mariano Jr.
Olhar de fora
Com a visibilidade das biojoias de Parauapebas nas feiras, a Seden redirecionou o foco da produção local. “Antes, a gente estava focando aqui na região, como forma de agregar a produção e venda ao turismo, mas depois das feiras vimos que é algo bem maior que a gente pensou”, diz Maria Novais.
É fato, reconhece a coordenadora de Extrativismo, que as biojoias são bem mais valorizadas por quem reside fora do País. “A gente já viu a prospecção de mercado que tem as peças lá fora, e é incrível que quem está fora do Brasil, do nosso Estado, dá muito mais valor que nós aqui no município”, compara Maria Novais.
A meta da prefeitura é impulsionar a socioeconomia, introduzindo pedras preciosas da região, como a ametista, o citrino e o quartzo incolor, na produção das biojoias. Daí, a Seden também oferece cursos de lapidação.
“Com a lapidação, vai se agregar e trazer mais valor ainda às peças. São extrativismo de formas diferentes: um é sustentável e outro mineral, mas tudo está linkado”, ressalta Maria Novais.
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