Eu já cheguei a dizer que mulher que apanha de marido ou que sofre qualquer tipo de violência e continua perto de quem a agrediu, merece apanhar, merece a violência. QUE ABSURDO EU DISSE! CLARO QUE NÃO!!
Minha mãe sofreu todo o tipo de violência que alguém possa imaginar. Não só do ex-marido, meu pai, mas dos familiares, filhos, “amigos”! Como ela pode suportar tanto sofrimento e continuar próxima daqueles que a agrediram? Ao expor o que ela sofreu, me exponho também, pois sofri junto
Sabe a resposta? Por amor! Para ela, hoje com 85 anos, forte, bela, advogada, a dor da violência sofrida era pequena diante da força do amor que nutria e nutre pela família. Naquela época (quando ela se separou não havia leis de proteção contra violência doméstica, 1975), ela preferia apanhar, ser humilhada, pisada, cuspida, mas ficar firme e poder criar os filhos, como bem o fez, a ter que sair de casa, fazer um B.O que não daria em coisa alguma e ver os filhos à míngua, na miséria.
Assim acontece com muitas mulheres hoje, com toda a proteção de que dispõem, com gente vigiando por todo lado. Quando a mulher não denuncia a violência sofrida, não é porque ela é fraca, muito pelo contrário, é porque tem uma força muito superior a do agressor!
Já passou por situações em que você denunciou uma agressão e foi xingado, esculhambado pela agredida? Então… Ela teve seus motivos que só ela sabe, que só ela suporta. Tem que ser muito mulher para suportar isto!
Isto tem que acabar! Muitos mecanismos, leis, foram criados para proteger esta Mulher Maravilha brasileira, e é preciso criar muito mais, para que ela não veja os super poderes que usou, serem extintos pela kripitonita do abandono, da inoperância do Estado ao tentar protegê-la.
Quanto ao agressor(a), há que ser punido(a) com rigor. Tem que dar amparo em dobro para a agredida, tem que ser vigiado bem de perto!
Como advogado, a cada 10 casos de violência doméstica que passam pelas minhas mãos, 2 ou 3 têm resultados positivos. De cada 10, 08 mulheres desistem no meio do processo, se arrependem! As agredidas ainda não creem no sistema de proteção oferecido, se o agressor que é preso é o esteio da família, quem proverá o alimento da casa? Por isto a necessidade de um programa mais amplo de proteção e amparo à agredida e à família dela. Muito há que ser feito!
A orientação, a informação, a ajuda tem que ser oferecidas à agredida para que se busque o caminho correto antes de uma denúncia precipitada. Não é fácil ver uma mulher ser agredida e ficar parado. Mas é preciso prudência para que a denúncia surta o efeito desejado.
Não fique de braços cruzados! Se vir uma mulher sendo agredida, faça algo e, se for o caso, denuncie! Não dá mais para viver assim!
(Alípio Ribeiro)
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