Uma idosa negra de 81 anos afirma ter sido vítima de racismo, após sair do supermercado Cidade em Belém na última sexta-feira (11). O g1 tentou contato com a empresa, mas não ainda obteve resposta.
O caso foi no bairro da Pedreira, onde Nilza Sacramento mora há 30 anos, e acabou gerando revolta entre moradores, além de protesto.
Nilza, que é líder comunitária, disse que olhava panos de prato, quando percebeu que estava sendo vigiada por seguranças do supermercado.
“Eu acho que a cor preta está sendo discriminada, todo preto eles pensam que é ladrão”.
Segundo o relato, um homem passou duas vezes por ela enquanto estava mexendo nas flanelas. “O segurança passou por mim, depois tornou a voltar, mas como ele estava só olhando, nem liguei”.
Na saída, a idosa contou que foi abordada pelo segurança, que teria a constrangido na frente de outros clientes.
“Quando cheguei na porta, ele me pegou pelo braço, e disse que estava presa, porque eu teria roubado uma flanela, que estava dentro da minha bolsa. Ele tirou a minha bolsa, botou em cima do balcão, e quando ele abriu, não tinha flanela”.
Nilza é conhecida pela comunidade como dona Anastácia e é bastante conhecida no bairro.
Paulo Roberto, que é presidente da Liga das Escolas de Samba da Pedreira, disse que a comunidade jamais imaginava que dona Anastácia passaria por isso, por ser muito conhecida. “Ela é um ícone no bairro, uma das pessoas que todo mundo conhece no bairro da Pedreira”.
“Isso atinge a todos nós negros da Pedreira, que é um bairro preto. Isso não pode ficar em vão”, ele diz.
Em nota, a Polícia Civil disse que o caso foi registrado pela Seccional da Pedreira e que partes foram ouvidas, mas a Polícia entendeu que o caso não foi configurado como injúria racial.
Neste domingo (13), amigos, representantes de movimentos sociais e instituições que defendem os direitos humanos se reuniram em frente à casa de Nilza para apoiá-la, além de cobrar respeito e providências.
“Essa manifestação é um alerta para dizer que não vamos nos calar, nem deixar esse crime impune. Alguém tem que pagar por isso. Então a acolhida pra Anastácia é para justamente dizer que ela não está só, e que precisamos dar nosso grito de guerra”, afirma a aposentada Help Luna.
O protesto e o carinho da comunidade emocionou Nilza. Ela disse que teve a dignidade abalada com o que aconteceu.
“Me sinto doente, não estou bem. A minha idade não permite que eu passe por esse vexame”.
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