Faleceu, na manhã desta quarta-feira (17), Sebastião Curió Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió, aos 87 anos de idade. Ex-prefeito de Curionópolis, deu o nome da cidade e governou por dois mandatos. Ele morreu de causas naturais.
Major Curió era um militar, ex-pugilista, engenheiro, jornalista e político brasileiro. Como militar, foi destacado para o sul da Amazônia para combater o movimento armado da guerrilha do Araguaia, nas décadas de 1960 e 1970, durante a ditadura militar, onde foi figura de destaque no funcionamento da “Casa Azul”, centro clandestino do aparato repressivo localizado em Marabá, responsável por torturas, assassinatos e ocultação de cadáveres. Ao fim do conflito, tornou-se liderança política na região.
Foi um dos fundadores da cidade de Curionópolis, a quem emprestou o radical do nome.
Em julho de 1999, Curió deixou o PRN para ingressar PMDB para concorrer à prefeitura de Curionópolis. Foi eleito no pleito de outubro de 2000, com 35,18% dos votos válidos, contra os 34,83% recebidos por seu principal adversário, João Chamon Neto, do PSDB. Elegeu-se com apoio do seu ex-adversário Jader Barbalho, bem como do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), dos garimpeiros e das lideranças religiosas católica e evangélica.
Um das suas primeiras e mais controversas ações como prefeito foi a demissão de praticamente todo o corpo funcional de Curionópolis, inclusive concursados estáveis, sob a alegação de “estado de emergência”. Em seu governo, de 2001 a 2008, haviam acusações de existência de grupos de açãocontra “pessoas indesejáveis”. Seu estilo personalista e autoritário ao administrar a coisa pública chegou a ser comparado como o “último quinhão da ditadura militar”.
Nas eleições de 2004, Sebastião Curió disputou a reeleição para a prefeitura de Curionópolis pelo PFL (que depois tornou-se Democratas), na medida em que o seu grupo opositor, aglutinado na figura do pecuarista João Chamon Neto, passou para o PMDB. Venceu a eleição com 52,67% dos votos válidos. Em maio de 2006, o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) cassou o seu diploma de prefeito, bem como o registro do vice-prefeito da cidade, Antônio Cezar Nunes de Lima, e determinou o seu afastamento imediato do cargo, por condenação por compra de votos. Após liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retorna ao cargo em junho de 2006.
Curió foi condenado, em 2008, ao pagamento de R$ 1,1 milhão por improbidades administrativas ocorridas entre 2001 e 2004, durante seu primeiro mandato como prefeito do município. A ação considerou que o então prefeito teve enriquecimento ilícito, fraudou licitações e feriu os princípios de honestidade e legalidade na administração pública. As irregularidades foram praticadas principalmente com verbas do Fundef.
Biografia
Filho de Heitor Rodrigues Pimenta e Antônia Moura Pimenta, nasceu em 15 de dezembro de 1934, em São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais. Seu pai era barbeiro e sua mãe comerciante de uma tradicional família do município.
Na década de 1940, fez seus estudos primários no Externato Santo Antônio, e; iniciou os secundários no tradicional Ginásio Paraisense, enquanto estagiava no Banco do Brasil de Paraíso.
Em 1952, dado os problemas de saúde de seu pai Heitor, a família muda-se para Ribeirão Preto, onde montam uma pequena pensão para estudantes. Seu pai morre no mesmo ano.
A partir desse momento, tenta várias formas de trabalho, indo desde jogador das categorias de base do Botafogo e do extinto Palmeiras de Ribeirão Preto, até trabalhar como jornalista no Diário de Notícias da Diocese de Ribeirão Preto. Concomitantemente estudava na Escola Estadual Guimarães Jr..
Guerrilha do Araguaia
De acordo com estudos divulgados pelo Partido Comunista do Brasil, Curió foi o responsável pelo trabalho de inteligência militar no combate à guerrilha, utilizando informações obtidas de guerrilheiros capturados por meio de tortura. Foi também amparado pelo próprio governo vigente da época, que lhe forneceu uma identidade falsa, vez com o nome de Marco Antônio Luchinni, vez com os nomes de Paulo e Tibiriçá. Segundo sua documentação forjada era assistente técnico reconhecido pelo Ministério da Agricultura, além de também ter sido considerado repórter da Rede Globo na década de 1980.
Fonte: Portal Debate
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