Com o apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), cerca de 140 famílias assentadas da reforma agrária em Tucuruí, no sudeste do estado, estão incorporando o plantio de cacau em Sistemas Agroflorestais (SFAs) junto com outras espécies frutíferas, como açaí, banana e melancia.
Desde o fim de 2022, a estratégia tem facilitado a recuperação de extensões antes desmatadas pela pecuária de corte. Além da proposta ecológica, a parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT)), o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (SMDR) também visa a diversificar fonte de renda no assentamento João Canuto, na Área de Proteção Ambiental (Apa) Lago de Tucuruí, que faz parte do Mosaico, um complexo de Unidades de Conservação (UCs). Já nos assentamentos Reunidas e Amapá I, as ações efetivam-se pelo programa Territórios Sustentáveis, do Governo do Pará.
Para o chefe do escritório local da Emater em Tucuruí, o técnico em aquicultura Jurandir Trindade, o plantio de cacau favorece o meio ambiente e movimenta a socioeconomia. “Nós conectamos instituições e interligamos atuações, que significam desde capacitações contínuas até acesso a crédito rural. O caminho é tornar a cadeia produtiva cada vez mais viável, lucrativa e racional”, destaca.
Técnicas
O plantio dessas espécies frutíferas preenche, em média, um hectare em cada lote, com previsão de colheita em três anos e logística de comercialização com foco nas agroindústrias de chocolate da região.
O treinamento mais recente voltado para os SAFs ocorreu no fim de julho, no assentamento João Canuto. Durante o Dia de Campo sobre Manejo de Cacaueiro em Sistemas Agroflorestais em Tucuruí, 40 famílias participaram de experiências teóricas e práticas sobre manejo, uma intervenção que pode aumentar a produtividade do cacau em até 40%.
O produtor de banana Sirley Carneiro, de 38 anos, conta que mudou o olhar em relação ao cultivo. “As instruções foram muito boas. Quando a gente compara o plantio tradicional, que a gente vai fazendo por sabedoria e intuição, vê muita diferença com as plantas manejadas, como por exemplo, a poda. Acho que são oportunidades de troca e de evolução”, detalha o proprietário do Sítio São Francisco, onde parte das aulas foi realizada.
Texto: Aline Miranda
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