O brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte na Indonésia por tráfico de drogas, não sabe que poderá ser executado a qualquer momento, informou a prima dele, Angelita Muxfeldt, que o acompanha no país asiático, segundo o jornal “Hora 1”. A brasileira contou que seu primo está muito calmo e ainda acredita que será solto.
O prazo de 72 horas dado pela justiça indonésia após o anúncio para os prisioneiros de que eles serão executados terminou. Os nove condenados – oito deles estrangeiros – podem ser mortos por fuzilamento a partir desta terça.
O governo local não informou a data e a hora das execuções, mas acredita-se que elas ocorrerão nas primeiras horas desta quarta-feira (29) – tarde desta terça-feira (28) no horário de Brasília.
A prisão de segurança máxima da ilha, situada ao largo da costa de Java, teve reforço na proteção nesta terça. Conselheiros religiosos, médicos e o pelotão de fuzilamento foram alertados para iniciar os preparativos finais para a execução, e uma dúzia de ambulâncias, algumas carregando caixões cobertos de cetim branco, chegaram ao local.
Angelita visitou Gularte nesta terça. O governo Indonésio orientou as famílias dos presos a irem à prisão onde eles são mantidos. Segundo a imprensa local, eles foram orientados a se despedir dos condenados.
A brasileira saiu chorando da prisão e deu uma entrevista aos jornalistas indonésios, em uma tentativa de sensibilizar o governo, tentando dizer ao presidente do país que ele errou ao recusar o pedido de clemência de Gularte. Há uma equipe de 10 advogados trabalhando pelo brasileiro, além de uma ONG, que resolveu ajudar.
Angelita contou que não disse ao primo claramente o que deve ocorrer nas próximas horas e que ele não sabe o que vai acontecer, apesar de ter sido informado no sábado. Segundo a brasileira, ele tem delírios e não entendeu que será executado, nega que isso vá ocorrer e acredita que vai ser solto.
O brasileiro foi diagnosticado com esquizofrenia por dois relatórios no ano passado. Em março, uma equipe médica reavaliou o brasileiro a pedido da Procuradoria Geral indonésia, mas o resultado deste laudo não foi divulgado.
Familiares e conhecidos relataram que Gularte passa seus dias na prisão conversando com paredes e ouvindo vozes. Dizem que ele se recusa a tirar um boné, que usa virado para trás, alegando ser sua proteção.
O brasileiro passou 11 anos em prisões da Indonésia. Ele foi preso em julho de 2004 após tentar entrar na Indonésia com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe e foi condenado à morte em 2005.
Gularte poderá ser o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado à morte por tráfico de drogas.
Aos prisioneiros será dada a opção de ficar de pé, ajoelhar-se ou sentar-se diante do pelotão de fuzilamento. Suas mãos e pés serão amarrados.
Doze atiradores vão mirar no coração de cada prisioneiro, mas apenas três armas terão munição de verdade. As autoridades dizem que isso é para que o carrasco não seja identificado.
Autoridades concederam na segunda-feira o último desejo do australiano Chan, que era se casar com sua namorada indonésia na prisão.
Outros condenados
Além do brasileiro Rodrigo Gularte, sete outros estrangeiros e um indonésio podem ser executados nas próximas horas na Indonésia. Todos foram condenados por tráfico de drogas e tiveram seus pedidos de clemência rejeitados. Dois australianos, quatro nigerianos e uma filipina estão na lista. Já o francês Serge Atlaoui teve sua execução adiada por recurso.
Do G1, em São Paulo
(Foto: AP Photo/Tatan Syuflana)
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