Entre as diversas conversas que mantenho no dia-a-dia sobre política por onde ando, sempre a relação política do governo Dilma com o Congresso Nacional, surge no processo dialético. Me perguntam com certa frequência sobre a questão. A péssima relação e as sucessivas derrotas do Palácio do Planalto no Congresso seria o que? Falta de habilidade na articulação política? Ou a dominação dos achacadores (termo que ficou conhecido nacionalmente quando o então ministro da educação, Cid Gomes, acusou os deputados de serem fisiologistas, ou seja, “parasitas”, por só querem “sugar” do governo)?
Como respondo quando sou indagado, repito aqui: neste caso, penso que há a junção dos dois fatores. O governo inegavelmente erra na condução da relação política com os congressistas e os parlamentares na atual legislatura estão, digamos, mais “interesseiros”, pedem mais ao governo em troca de voto favorável, ou seja, apoio político.
Um governo (independente de esfera) quando é fraco ou instável politicamente é um “prato cheio” para os parlamentares da oposição e até da situação, dependendo do caso e do cenário. Por exemplo, o governo Dilma, possuí nas duas Casas (Câmara e Senado) a maioria, pelo menos, na teoria. A base de apoio ao governo foi construído no início do ano, quando o Palácio do Planalto concedeu centenas de cargos às indicações dos partidos em troca de apoio.
O PMDB é o maior deles é – ao mesmo tempo – o menos confiável. Dependendo do interesse, vota a favor e contra o governo. Depois que Eduardo Cunha assumiu a presidência da Câmara, os votos contra o Palácio do Planalto se acumularam e passaram a impor uma verdadeira agenda derrotista ao governo da presidenta Dilma Rousseff.
Não por acaso, a decisão de Dilma de reunir com os governadores. A presidenta quer fugir dos rodeios dos congressistas e buscar com os mandatários estaduais (independentemente de partido político), uma agenda propositiva ao país, um novo rearranjo do pacto federativo. Como diriam os mais “antigos”: “não existe almoço de graça”, portanto, os governadores deverão em troca do “pacto”, exigir alguns pontos favoráveis as suas respectivas gestões: aumento de repasses federais e política tributária, seriam as principais reivindicações.
Não se pode esquecer que a última eleição, realizada em outubro de 2014, elegeu e formou o Congresso Nacional mais conservador das últimas décadas, talvez o mais depois do processo de redemocratização. Ou seja, muito mais difícil de negociar ou manter a governabilidade. Aliado a isso, os erros do próprio governo na articulação política, tornou a relação Congresso e Palácio do Planalto cada vez mais instável. E o cenário tende a piorar. Pior para o país.
Henrique BRANCO – professor de geografia da rede pública municipal de Parauapebas, atuando também no ensino privado da referida cidade. Especialista em Geografia da Amazônia – Sociedade e Gestão de Recursos Naturais. Escreve diariamente no http://henriquembranco.blogspot.com.br/
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