Desde o século 19, há registros de mulheres paraenses expondo suas habilidades como compositoras, com músicas que iam de um bom tango a algumas valsas, “um repertório leve, mas muito elaborado, cheio de sentimento”, comenta a pianista Ana Maria Adade, que teve a oportunidade de reviver este vasto repertório durante um concerto feito com base nas pesquisas de Vicente Salles, incluindo 25 obras de dez compositoras, em 2004.
Agora, neste Dia Internacional da Mulher, a pianista volta a ter a reproduzir parte desse repertório no concerto “Inspiradas Mulheres Paraenses”, às 20h, na Igreja de Santo Alexandre, acompanhada pelas sopranos Ione Carvalho, Luciana Tavares e Lana Bastos. Cada uma das cantoras vai apresentar quatro músicas e juntas vão cantar “Cidade Morena”, de Maria de Nazaré Figueiredo, uma marchinha tão grandiosa quanto “Cidade Maravilhosa” dedicada ao Rio de Janeiro.
Mas o que se sabe dessas mulheres pioneiras na composição musical no Pará? Apesar de ainda muito jovem ter ganhado o primeiro prêmio em um concurso de música popular paraense, na era do rádio, nem mesmo Vicente Salles conseguiu encontrar registros de nascimento e morte da compositora Maria de Nazaré Figueiredo. As únicas referências recuperadas foram o fato de ser irmã do antropólogo Arthur Napoleão Figueiredo e de ir morar em Brasília após deixar uma única obra registrada, justamente a marchinha “Cidade Morena”.
(Lais Azevedo/Diário do Pará)
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