Dois protocolos de intenções assinados nesta segunda-feira, 7, entre o Governo do Estado e as empresas Alloys e SPontes Construtora, garantiram investimentos em dois municípios paraenses para a instalação de uma indústria de beneficiamento do alumínio e incremento da produção de grãos.
O município de Barcarena ganhará uma nova planta industrial para beneficiamento do alumínio produzido na região. O Governo do Pará e a empresa Alloys assinaram um protocolo de intenções nesta segunda-feira, 7, na sede da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), para formalizar o projeto que prevê a instalação de um complexo com cerca de 430 mil metros quadrados e nove unidades de produção.
A empresa planeja investir aproximadamente US$ 90 milhões nesta primeira fase do projeto, com o início da construção previsto ainda para este ano. Serão construídas as duas primeiras unidades, uma para a produção de tarugos, que são hastes de alumínio utilizadas para a fabricação de perfis, que por sua vez são empregados no setor de transporte, indústria elétrica e também na construção civil, que será o grande foco da Alloys, com a produção de esquadrias de boxes para banheiros, portas e janelas. Além do mercado interno nacional, a ideia é que essa produção seja exportada para países da América Central, prioritariamente o México e Estados Unidos.
A outra unidade de produção que será priorizada nesta primeira fase do projeto é uma fábrica de reciclagem de alumínio, que deverá reaproveitar não só a sucata gerada na própria planta da Alloys, mas também absorver os resíduos gerados nos processos produtivos das outras empresas próximas, para transformá-los novamente em um alumínio utilizável na indústria, como em latinhas de refrigerante, por exemplo.
De acordo com o presidente da Alloys, Marcel Popoviti, a ideia é criar unidades de produção que agreguem cada vez mais valor ao alumínio, aumentando a oferta dos produtos feitos no Pará a partir do minério. “Nada impede que, futuramente, passemos a produzir materiais cada vez mais diferenciados, sejam peças elaboradas para a indústria automobilística e até para a aeronáutica. Com um cenário desses, seria possível até mesmo atrair uma montadora de veículos para o Estado, por que não?”, indaga o empresário.
Só nesta fase inicial, o projeto deverá gerar cerca de 600 empregos diretos e mais de dois mil indiretos em Barcarena. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), Adnan Demachki, essa é uma amostra de como a verticalização da produção pode contribuir para o desenvolvimento do Estado. “Fizemos uma negociação com a Albras, que irá fornecer a matéria-prima para a produção da Alloys. Esse é um minério exportado para fora do Pará e que agora se transformará em, no mínimo, 600 novos empregos, gerando também mais renda e receita aqui dentro de nosso Estado. É por isso que insisto tanto na verticalização da produção paraense, pois o tempo nos mostrou que o modelo praticado em todos esses anos no Estado, de uma economia puramente extrativista e exportadora de matéria-prima, não nos trouxe o desenvolvimento que gostaríamos. A época em que exportávamos madeira nativa para que outros Estados transformassem em móveis já passou, agora é a hora da gente agregar valor aos nossos produtos aqui no Estado”, defende Demachki.
Cadeias
No setor mineral, a cadeia do alumínio é uma das que possuem um dos melhores graus de verticalização, com a extração da bauxita, que é transformada em alumina e depois em alumínio. Atualmente, a Alubar já produz cabos energéticos a partir dessa matéria-prima no Estado, processo ao qual a Alloys veio se somar agora. “É preciso que façamos o mesmo com as outras cadeias, seja do ferro, do cobre, e também de nossos outros produtos, como o açaí, biocosméticos e uma infinidade de outras cadeias. Esse é o foco que pretendemos dar à economia paraense nos próximos anos”, garante o titular da Sedeme.
Para a deputada estadual Ana Cunha, que nasceu na região de Barcarena e participou da cerimônia representando a Assembleia Legislativa do Pará, o Estado está no caminho certo para se tornar um grande vetor e exemplo de crescimento para o Brasil. “Como deputada, participo de debates com meus pares de todos os Estados do Brasil e sei da situação caótica em que eles se encontram. Enquanto que outros Estados mal conseguem pagar as suas folhas, o Pará acaba de fazer uma palestra na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) para grandes investidores, apresentando as oportunidades de negócios presentes no Estado”, ressalta.
A deputada aproveitou para também elogiar o trabalho desenvolvido pelo secretário Adnan Demachki na condução desses projetos. “O governador Simão Jatene acertou em cheio quando colocou o Adnan (Demachki, secretário de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia) como articulador do desenvolvimento e da atração de investimentos para o Estado”, completa.
Paragominas recebe investimentos na área de grãos
Também nesta segunda-feira, 7, durante a mesma cerimônia, o Governo assinou um outro protocolo de intenções, dessa vez para a instalação de uma empresa no município de Paragominas. A SPontes Construtora fará uma série de investimentos na cidade, que irão possibilitar um incremento na produção de grãos na região.
O primeiro desses investimentos é a construção de um terminal portuário para aproveitar o potencial hidroviário do Rio Capim. Após a instalação, toda a produção dessa região, que antes seguia em centenas de caminhões até o Porto de Vila do Conde, contribuindo para congestionamentos na Região Metropolitana de Belém, além da poluição causada pelos veículos, agora seguirá em barcaças até o porto, em um trajeto mais curto e rápido.
Também faz parte do projeto a construção de um armazém para estocagem dos grãos até seu embarque. Na opinião do diretor da SPontes, Adriano Fernandes, a articulação realizada pelo Governo do Estado foi primordial para a decisão de instalar uma empresa no Estado. “Sabemos que hoje investir não é uma decisão fácil, portanto, toda essa mobilização que percebemos no Pará, assim como a atenção com que nos receberam, tanto governo como setor produtivo, contribuíram para diminuir nossas incertezas acerca desse investimento. Hoje saímos daqui com mais do que um compromisso, mas sim uma vontade muito grande de contribuir para o desenvolvimento do Estado e, mais especificamente, para trazer um melhor valor agregado aos produtos da região do Campim”, afirma.
O prefeito de Paragominas, Paulo Tocantins, comemorou o anúncio do projeto no município. “Apesar do momento em que nosso país se encontra, ainda é possível observar algumas ilhas de oportunidades e desenvolvimento. Certamente o Pará é uma dessas ilhas. O Estado se tornará um dos grandes produtores de grãos a nível mundial nos próximos anos e não somente um corredor de exportação para produtos de outros Estados. Precisamos ter isso em mente e nos preparar para esse crescimento. Esse projeto vem justamente ao encontro disso”, observa o prefeito.
A SPontes também se comprometeu a construir uma esmagadora de grãos no município, que será a segunda fase do projeto. “Isso vai permitir que surjam outros produtos ali mesmo na cidade. Ao invés de só exportar a soja, vamos utilizar a esmagadora para extrair o óleo e fazer ração animal, por exemplo, agregando valor aos nossos produtos. Os melhores empregos e geração de renda estão nas segundas e terceiras fases do processo produtivo, então precisamos criar condições para a existência dessas fases em nosso Estado”, afirma Adnan.
Ele lembrou do exemplo de Paragominas que antes era apenas exportador de madeira em tora e depois mudou a realidade com a instalação de uma fábrica de MDF, que por sua vez possibilitou a instalação de um polo moveleiro na cidade. “Fazendo uma comparação em termos de valor entre as três atividades: temos um metro cúbico de eucalipto em tora exportado a R$ 70. Quando esse mesmo metro cúbico é transformado em MDF, já passa a valer R$ 500, mas quando chega ao fim da cadeia, vira um móvel acabado, chega a custar até R$ 4 mil. Não precisa nem ser um grande economista para entender a importância que a verticalização de uma cadeia tem”, conclui o secretário Adnan Demachki.
Fonte: Agência Pará de Notícias
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