Mulheres do “Grupo Vencendo o Câncer” fizeram desabafo durante sessão solene realizada pela Câmara Municipal de Parauapebas, na terça-feira (8), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O grupo de mulheres, que se uniu para lutar pela implantação na cidade de um centro oncológico e promover campanhas preventivas contra o câncer, disse que o município de Parauapebas nunca ofereceu – e continua sem oferecer – as condições mínimas para que as mulheres ou pessoas com a enfermidade recebam o diagnóstico ou tratamento adequado e de forma célere, nessa batalha que é uma luta pela vida.
Indignadas, primeiramente por não terem sido lembradas durante a solenidade, só ao final, as mulheres, após terem a palavra, exibiram a reportagem, feita pelo programa Conte Comigo, apresentado pela jornalista Mariana Chamon, que vai ao ar todos os sábados na TV CORREIO de Parauapebas, mostrando a ida delas até a cidade de Imperatriz, no Maranhão, para conhecer o Centro Oncoradium, especialista em tratamento de câncer, que deve implantar uma unidade em Parauapebas.
No entanto, o centro precisa de garantias de que terá convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do município, para ofertar o serviço à população que precisa e não tem condições de pagar um tratamento em um centro médico particular.
Uma das líderes do movimento, Edelves Carvalho, foi a porta-voz do grupo. Ela conta que desde que descobriu o diagnóstico de câncer nunca teve qualquer apoio do sistema público de saúde para viabilizar o seu tratamento. “Nem a prefeitura, muito menos a Câmara Municipal se preocupou comigo ou com qualquer outra pessoa que diariamente se vê diante dessa doença, querendo socorro rápido para ter chances de viver”, desabafou.
Ela diz que um município rico, como Parauapebas, já era para ser um centro de referência em tratamento de câncer no Brasil. Ela observa que os governos precisam destinar mais investimentos para a área da saúde, com foco em especialidades, como a oncologia.
Penúria
Edelves observou que a previsão da Organização Mundial da Saúde é que já em 2030 praticamente 100% das pessoas terão algum tipo de câncer, inclusive 1% dos homens vindo a ter câncer de mama, que hoje vitima muitas mulheres. “É preciso pensar em políticas públicas para essa área. Não dá mais para ficar vendo as pessoas morrerem”, diz.
Ela denuncia que as mulheres de Parauapebas penam em postos de saúde em busca de um preventivo ou para conseguir encaminhamento para fazer mamografia, sem contar os resultados que demoram a sair e são complicadores nessa corrida pela cura.
Demora maior ainda é para iniciar o tratamento, numa peregrinação até a capital, Belém, ou para outros Estados, como Maranhão e Piauí. “Nessa demora, aumenta a angústia e o agravamento da doença”, lamenta.
É por essa razão, segundo defende, que elas estão lutando para que o Centro Oncoradium, ao se instalar no município, seja conveniado ao SUS.
Atendimento
De acordo como o que informou Edelves, atualmente o centro maranhense atende e dá suporte para cerca de 600 mil pessoas, boa parte deles oriundas do Pará e Tocantins, bem como de outros municípios do Maranhão. O Centro deve firmar convênio com a prefeitura de Parauapebas ainda no primeiro semestre deste ano. Pelo menos, isso é o que já foi discutido entre a diretoria do Oncoradium e o governo municipal.
Além do tratamento médico, as mulheres também planejam conseguir um espaço de convivência dentro do centro onde possam trocar ideias, experiências e praticar atividades que levantem a autoestima, já que muitas pacientes, quando descobrem a doença, acabam entrando em depressão. A ideia, inclusive, já ganhou parecer favorável da diretoria do centro.
O Oncoradium planeja realizar a primeira sessão de quimioterapia em Parauapebas já no final de maio ou início de junho deste ano. O objetivo é implantar em Parauapebas o maior centro de referência em oncologia da Região Norte.
Para as mulheres do “Vencendo o Câncer”, isso vai ser a realização de um sonho. Elas pretendem trabalhar em campanhas preventivas, estimulando outras companheiras a fazer exames preventivos, como os de colo do útero e mamografia.
(Tina Santos)
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