Caiu de 112, em 2014, para 86, em 2015, o número de casos de mortalidade materna no Pará. Os dados expressam queda de 23,21%, segundo balanço do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna e Infantil, da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa). Os municípios que mais registram casos são Belém, Parauapebas, Santarém e Abaetetuba.
Para Hélio Franco, coordenador do comitê, vários fatores são determinantes, entre eles os sociais, os políticos e principalmente os geográficos. “Muitas mulheres não levam o pré-natal a sério ou então encontram dificuldades de acesso e burocracia na hora do atendimento básico”, pontuou. A maioria dos óbitos acontece na faixa etária entre 20 e 29 anos.
Como espaço para a discussão de assuntos relativos ao problema, o comitê realiza desde 2012 o Fórum Perinatal da Região Metropolitana de Belém, no qual se reúnem todas as secretarias de saúde, conselhos municipais de saúde, o Ministério da Saúde e as maternidades privadas e públicas, pelo menos uma vez por mês, para apresentar programas de conscientização e os resultados do Comitê de Vigilância do Óbito.
O principal objetivo é investigar os motivos das mortes e buscar soluções para diminuir as estatísticas. Há uma cobrança do estado em relação aos municípios quanto ao registro correto dos obituários, pois é desta forma que se consegue planejar ações em cima de dados concretos e motivos reais. “A mortalidade materna deve ser vista como um problema social também. Ao perder a mãe, as crianças órfãs ficam mais vulneráveis à sociedade, ficam mais expostas ao abandono dos estudos, da família”, disse Franco.
A médica obstetra da Santa Casa, Belinete Cruz Fontes, explica que o pré-natal é a parte mais importante de uma gravidez. É através dele que a mulher realiza o acompanhamento correto de sua gestação. Os exames oferecidos nesta etapa ajudam a prevenir e cuidar de doenças, aparentemente simples, mas que podem matar. Durante as consultas, os médicos verificam a pressão, índices de infecção, possíveis anormalidades nas crianças e problemas cardíacos, entre outros fatores.
No Brasil, a principal causa de morte materna está ligada à falta de cuidado com a mulher no pós-parto, havendo inúmeros registros de hemorragias. Já no Pará, é a infecção que mais mata gestantes, tanto no pré quanto no pós-natal. “Poucas mulheres sabem, mas é preciso continuar o acompanhamento médico, pelo menos até 40 dias após o nascimento da criança”, acrescenta Belinete. “Esta fase também é crítica e pode trazer muitas complicações. É preciso fazer a chamada revisão puerperal”.
O acompanhamento pré-natal deve começar a partir do momento em que a mulher descobre a gravidez, mesmo que isso aconteça com a gestação já bastante desenvolvida. De acordo com Hélio Franco, 95% dos óbitos maternos são evitáveis, pois para realizar o pré-natal não é necessária muita tecnologia. “Basta uma balança, um aparelho de ultrassom, um aparelho de pressão”, explicou.
A dona de casa Layse Miranda, de 22 anos, espera seu quarto filho. Aos sete meses de gravidez, ela garante que vai, desde os três meses, às consultas do pré-natal todos os meses. “Se a gente não for, corre um risco muito grande, não só a mãe, como o filho também”, opina. Já Joelza Fernandes, de 19 anos, está na contagem regressiva para a chegada do primeiro filho. Com nove meses e dez dias, ela diz estar bem segura para o grande momento. “Estou feliz em ver que está tudo bem e que o bebê pode chegar tranquilo”, comemorou.
(Fonte:ORM)
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