Várias matérias jornalísticas foram feitas a respeito do Garimpo das Pedras, jazida de ametista localizada no município de Marabá.
Descrições detalhadas de como funciona o garimpo, sua importância para a sobrevivência de muitas famílias, e a contribuição para a economia das comunidades localizadas ao seu entorno – são informações comuns amplamente repassadas.
Fora do lugar comum das informações disponibilizadas, há um outro público despertado.
Nos últimos tempos, o Garimpo das Pedras tem atraído a curiosidade de pessoas ligadas a práticas e ensinamentos espiritualistas.
Recentemente, seis pessoas adeptas (quatro homens e duas mulheres) estiveram na vila onde localiza-se o garimpo, atraídas por sentimentos esotéricos emanados da suposta “energia” transmitida pelas pedras semipreciosas.
“O Garimpo das Pedras possui uma aura incrível de intensa energia que nos leva a caminhos do autoconhecimento, da paz espiritual, da saúde, e, principalmente, da sabedoria, porque as ametistas são minerais de estruturas cristalinas com uma composição química, constituídas por átomos de energia”, conta Renato Freitas Hermann (foto abaixo), um dos integrantes do grupo que esteve na vila das ametistas unicamente interessado no poder esotérico das pedras.
“Quando esses átomos são influenciados por uma energia luminosa, esta mistura-se com a composição química da pedra para desencadear uma nova energia. Por isso, é necessário conhecer a energia de cada uma para poder tirar partido delas na vida quotidiana, tanto pessoal como profissional”, prossegue Renato, localizado pela repórter em Natal, através de informações colhidas no Garimpo das Pedras.
Renato e esposa, Shirley Hermann, acompanhados de outro casal e mais dois amigos do Rio Grande do Norte, estiveram no garimpo ano passado.
“Eu e meu marido gostamos de frequentar garimpos de semipreciosos – e a mina de Marabá nos foi apresentada por um sobrinho que trabalha em Carajás. Viajamos de carro mais de dois mil quilômetros, curiosos para conhecermos o poder envolvente das ametistas. Três meses depois retornamos ao garimpo, levando mais quatro amigos, parceiros do esoterismo”, revela.
Falando pausadamente ao telefone, Shirley deixa claro não existir nenhuma dúvida a respeito dos efeitos terapêuticos para o corpo, exercido pela ametista.
“A energia das pedras existe, quer sejam preciosas ou semipreciosas, e os seus efeitos podem ser inacreditáveis! Apenas para citar alguns de seus benefícios, as pedras exercem efeito calmante sobre o coração e os nervos, melhorando a capacidade de concentração. É benéfica no caso de enxaquecas e pressões por estresse. Se colocada embaixo do travesseiro, proporciona sono calmo e protege contra pesadelos. A água da Ametista cuida e protege a pele e impede a queda do cabelo”.
O casal não entende como o Garimpo das Pedras não foi transformado ainda num grande polo joalheiro.
“O Garimpo das Pedras, através da cooperativa que existe no local, formada por extratores de pedras, poderia muito bem receber incentivos do governo para o aproveitamento de seu imenso potencial, como já o fazem outras cooperativas existentes no país.
“Basta trabalhar o design e o acabamento das pedras, para atender às exigências do mercado internacional. Governo e empresariado poderiam apostar na criação de um ´apelo amazônico´, incrementando a lapidação das gemas. Esse apelo certamente traduziria a utilização da pedraria do garimpo para a confecção de joias temáticas, a partir das lendas, mitos, flora e fauna da Amazônia’, sugere Renato.
O casal conta que ticou impressionado com a beleza dos produtos expostos no museu de gemas São José Liberato, em Belém.
“Nós fomos até Belém conhecer o museu. Que coisa mais extraordinária! O Garimpo das Pedras também poderia ser transformado num polo joalheiro e, a partir de sua existência, turbinar o turismo naquela região distante”, rebate Shirley.
“Algumas minas de ametistas existentes no Brasil, inclusive na Bahia, são abertas aos turistas, que podem conhecer a atividade do garimpo e como as pedras são extraídas. Em todos esses lugares, as ametistas representam dividas, fazem o dinheiro circular, beneficiando a todos: garimpeiros, comunidades do entorno e os próprios municípios, que passam a arrecadar valores significativos”, ensina Renato.
O Garimpo das Pedras é constituído atualmente por um aglomerado humano com mais de cinco mil pessoas.
Não apenas minas de ametistas afloram da terra.
Um piscina de águas termais torna o local extraordinariamente potencializado.
“A temperatura das águas chega a 40 graus, formando uma piscina de maravilhoso poder terapêutico, e por possuir propriedades medicinais, além de ser incrivelmente relaxante”, conta Elza Miranda, uma das proprietárias do Garimpo das Pedras.
Ex-deputada estadual por dois mandatos, Elza se emociona quando descreve a localidade, fincada na localidade conhecida por Alto Bonito.
“A gente se emociona ao ver longos anos de muito trabalho dar frutos como este vivenciado no garimpo: milhares de pessoas pobres labutando diariamente pela sobrevivência, uma cooperativa constituída para dar sentido à vida deles, e , nos fins de semana, centenas de famílias para lá deslocadas, buscando lazer e paz- proporcionados pela piscina natural”, descreve a ex-parlamentar, que não desistiu ainda de um dia ver o Garimpo das Pedras transformado num polo joalheiro.
“Esse é o caminho. O Renato e a Shirley, que estiveram no garimpo e com quem você conversou, estão certos: a transformação de nossas pedras em bens potencialmente comercializáveis é o sonho de todos. Naturalmente, evoluiremos para que esse processo seja consagrado num futuro próximo”, acredita Elza Miranda.
(*) Jaqueline Alves, Graduada em Ciências Sociais e Engenheira Ambiental. Especialista em Direito Ambiental; Direito Municipal; Gestão Pública; Engenharia e Segurança do Trabalho; MBA em Petróleo e Gás e Auditoria Ambiental
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