O diretor executivo de Ferrosos da Vale, Peter Poppinga, disse que apesar de a capacidade do projeto de minério de ferro S11D, em Canaã dos Carajás, ser de 90 milhões de toneladas por ano (Mtpa), o empreendimento vai acrescentar, ao mercado transoceânico, cerca de 75 Mtpa.
“Atualmente estamos produzindo, no sistema norte, a um ritmo de 155 milhões de toneladas por ano. Nos próximos anos, o ramp-up do projeto S11D vai alcançar a capacidade nominal de 90 milhões de toneladas e a capacidade da ferrovia vai aumentar para 230 milhões de toneladas por ano. Isso vai acrescentar 75 milhões de toneladas ao mercado transoceânico de minério de ferro na comparação com a situação atual”, disse ele em entrevista ao jornal australiano The Australian Financial Review.
A Vale está na fase final para concluir a expansão do complexo de Carajás com a construção do S11D, um projeto de US$ 14,5 bilhões que inclui mina, plantas de tratamento, ramal ferrovia, duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e mais um píer no Terminal Portuário de Ponta da Madeira, em São Luís (MA).
“Isso não vai acontecer em um único ano, mas ao longo de mais de três anos. Não são 90 milhões de toneladas de incremento líquido, mas sim 75 milhões de toneladas”, disse o executivo. Segundo Poppinga, o impacto do projeto no mercado mundial será mais sutil do que o esperado por analistas, porque a capacidade de transporte ferroviário não vai crescer tanto quanto a capacidade de lavra.
O projeto da Vale é um dos fatores de expansão global da produção de minério de ferro frequentemente citado por analistas com um risco para o balanço de demanda e oferta. Outro projeto citado é a mina australiana de Roy Hill, que está em ramp-up e vai produzir 55 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Segundo a publicação australiana, os comentários podem mitigar os receios quanto ao impacto dessa nova oferta no mercado e nos preços do minério de ferro.
Enquanto mais da metade da produção do S11D será vendida em mercados asiáticos, Poppinga declara que uma parte considerável será entregue em outros mercados. “Nem tudo ira para a Ásia”, diz o executivo.
A afirmação está alinhada à estratégia comercial da mineradora que, em 2015, vendeu 46% da produção de minério a outros países que não a China. A Europa recebeu 15% da produção da Vale, enquanto 11% ficaram com consumidores domésticos.
“A construção do S11D não vai desacelerar, nos temos 90% de avanço físico na mina e 70% na infraestrutura logística. Já estamos na fase de comissionamento e vamos começar a produção no fim deste ano em uma das três linhas de produção”, disse o diretor.
A área de minério de ferro da Vale informou, no segundo trimestre o custo operacional, conhecido como C1, de US$ 13,20 a tonelada e, segundo Poppinga, esse valor vai cair ainda mais com o S11D. “Nosso ponto de break-even está atualmente em US$ 28,50 por tonelada e, se adicionamos também o investimento em capital corrente chega a cerca de US$ 30 a tonelada. Esse número está previsto para cair a US$ 25 a tonelada nos próximos anos assim que toda a cadeia de valor seja otimizada”, diz ele. (NMB)
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