Taxa de mortalidade por tumores será de 115 por 100 mil habitantes
Se as políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento do câncer não forem aprimoradas, a doença se tornará, em 2029, a principal causa de mortalidade no Brasil, superando as doenças cardiovasculares, como enfarte e AVC. Essa é a conclusão de um estudo feito pelo Observatório de Oncologia, plataforma de análise de dados criada pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer, liderado pela Abrale (Associação Brasileira de Leucemia e Linfoma).
Com base nas taxas de mortalidade por câncer e problemas cardiovasculares do período entre 2000 e 2013 e nos dados de projeção da população do IBGE (Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística), os pesquisadores fizeram uma estimativa do número de óbitos pelos dois grupos de doenças.
“Observamos que a curva de crescimento das mortes por câncer estava mais inclinada do que a das doenças cardiovasculares e isso indica que, provavelmente, em algum momento, elas vão se cruzar. Fizemos análise preditiva do período até 2040 e chegamos ao dado de que, em 2029, o câncer passará a ser a maior causa de mortalidade”, explica Hellen Matarazzo, gerente de ensino e pesquisa da Abrale.
De acordo com a estimativa, naquele ano, a taxa de mortalidade por tumores será de 115 por 100 mil habitantes, enquanto o índice de óbitos por doenças cardiovasculares será de 113 por 100 mil habitantes. Hoje, o câncer é responsável por 106,3 mortes por 100 mil brasileiros e os problemas do aparelho circulatório, por 168,9 óbitos por 100 mil. Juntas, as duas doenças matam por ano cerca de 542 mil pessoas no País, segundo dados mais recentes do Datasus.
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Diferenças
Embora o câncer possa se tornar a maior causa de óbitos num futuro próximo, a incidência e mortalidade pela doença será extremamente diversa de acordo com o tipo de tumor, o sexo e a região do País. Alguns cânceres provocarão menos mortes, enquanto outros farão muito mais vítimas.
Segundo o estudo, entre as mulheres, a mortalidade por câncer de mama deverá se manter estável no Sul e Sudeste, onde os serviços de detecção e tratamento estão mais bem estruturados, e aumentará nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Pela mesma razão, os óbitos por câncer de colo de útero deverão cair nas duas regiões mais ricas do País e continuar crescendo ou ficar estável nas demais.
“Todo esse cenário pode mudar se as políticas públicas forem eficientes. Desde 2014, por exemplo, temos a vacinação de meninas contra o HPV, o que previne o câncer de colo de útero. Se isso for implementado com sucesso, as mortes por esse tipo de tumor vão cair em todo o País. E é isso que a gente quer, que nossos dados se mostrem errados porque a política interveio antes”, diz Hellen.
Outra má notícia para as mulheres é que as mortes por câncer de pulmão aumentarão em todas as regiões. “As mulheres adotaram o hábito de fumar muitos anos depois dos homens e isso terá reflexo na incidência de câncer daqui a algum tempo. Como eles fumam mais e há mais tempo, acabaram sendo mais impactados pelas propagandas antifumo”, diz o oncologista Fernando Cotait Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer e chefe da oncologia clínica do centro oncológico Antonio Ermírio de Moraes.
Entre os homens, as mortes por câncer de próstata cairão no Sul e Sudeste e aumentarão nas outras regiões. O mesmo ocorrerá com o câncer de pulmão. Os tumores de intestino deverão crescer em ambos os sexos e em todo o País. “Abandonar o cigarro, evitar o álcool de maneira excessiva, combater a obesidade desde a infância, tudo isso ajudaria a reduzir o número de casos de câncer em 30% a 40%”, diz Maluf.
Fonte: R7
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