Médicos e demais profissionais de saúde demitidos na última quinta-feira (17) pela Prefeitura Municipal de Parauapebas realizaram manifestação na ultima sexta-feira (18) em frente ao prédio da Secretaria Municipal de Saúde contra a decisão do governo. Ao todo, foram demitidos 36 médicos, 16 dentistas, 11 fisioterapeutas, dois terapeutas ocupacional, dois biomédicos e seis farmacêuticos.
As demissões atingiram em cheio a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a Policlínica e do Hospital Municipal. Os profissionais exonerados faziam parte da folha de pagamento do município, que já somaria mais de R$ 43 milhões.
A maioria dos profissionais teria se revoltado com o fato de que as demissões foram comunicadas via aplicativo de mensagens do WhatsApp. Por conta das demissões, a UPA do município corre o risco de ser fechada.
Os únicos que ficaram dando suporte na casa de saúde foram duas enfermeiras e dois médicos, que são concursados. Segundo o médico Makaxon Dennys Feitosa de Sousa, a demissão deles aconteceu de forma arbitrária, sem que houvesse qualquer comunicado da parte do secretário de Saúde, Juranduyir Soares ou pelo prefeito Valmir Queiroz Mariano.
“O que nós queremos saber é o motivo de termos sido demitidos; ninguém nos deu qualquer explicação até agora. Isso é mais uma arbitrariedade que esse governo comete contra os servidores da saúde, deixando o setor ainda mais a beira do caos”, disse, reforçando que sem esses profissionais, o setor vai entrar em colapso.
Makaxon destaca que não sabe o que o governo fez com o recurso da saúde, orçado em R$ 176 milhões este ano. “No mês de outubro, já não tinha mais orçamento. Nós vínhamos trabalhando de forma precária. Para se ter uma ideia, falta de papel higiênico a medicamentos”, denunciou.
Sem tratamento
Na manifestação dos médicos e demais profissionais também se juntaram as mães de crianças com necessidades especiais, que antes eram atendidos pela Apae e depois passaram a fazer o tratamento no recém-criado Setor de Fisioterapia Adulto e de reabilitação Precoce, que funcionam na Policlínica. É que com a demissão dos fisioterapeutas e terapeutas, esses setores também foram fechados.
Segundo a terapeuta ocupacional, Helkeline Rezende, que trabalhava na Policlínica, na tarde de quinta-feira eles ficaram por várias horas esperando na Secretaria Municipal de Saúde para tentar falar com o titular da pasta, mas não foram atendidos. Ela conta que eles chegaram pela manhã para trabalhar e, quando foi no início da tarde, chegou um documento informando que todos estavam demitidos.
“Depois ficamos sabendo que a demissão foi geral no centro médico, incluindo dentistas e demais profissionais de apoio que trabalhavam ali. Isso é o cúmulo do absurdo”, protestou.
Ainda de acordo com ela, o difícil foi avisar as mães das crianças que o serviço estava encerrado. “Foi dolorido e elas estão revoltadas”, ressalta, observando que o setor começou a funcionar em julho deste ano, após a Apae deixar de fazer esse atendimento. “Para essas crianças, é o fim da esperança para elas”, resumiu Helkeline.
Para a técnica de enfermagem Lidiane Garcia, que tem um filho que depende de fisioterapia, a decisão do governo deixou todo mundo sem chão. “Essas crianças precisam desse acompanhamento, que é vital para o desenvolvimento delas”, diz ela, que faz um apelo ao Juizado da Infância e juventude, ao Conselho Tutelar e ao Ministério Público para que tome alguma medida a fim de reverter essa decisão do governo.
A Reportagem do CORREIO tentou por todos os meios que a prefeitura se pronunciasse sobre o caso, mas até o encerramento desta edição não houve nenhum retorno.
HGP está de portas fechadas por falta de pagamento de funcionários
O Hospital Geral de Parauapebas (HGP) amanheceu nesta sexta-feira (18) atendendo apenas os casos de extrema urgência. A casa de saúde está funcionando com menos da metade da sua capacidade devido à paralisação dos servidores, que decidiram cruzar os braços porque estão sem receber salário há três meses.
Os funcionários temem fica sem os salários correspondentes aos meses de novembro e dezembro porque o pagamento dependeria de suplementação de verbas por parte da prefeitura. Enfermeiros e técnicos de enfermagem contratados pela empresa Gamp, que gerencia o Hospital Geral, afirmam que já estão passando por necessidades.
Médicos da maternidade, por sua vez, ameaçam entregar plantões por falta de contrato de trabalho. Os funcionários estão contando com o apoio do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), que há muito vem denunciando o estado crítico da saúde em Parauapebas e as irregularidades na contratação da empresa para administrar o HGP.
Em nota, a empresa Gamp diz estar solidária com os seus funcionários e que ainda não efetuou o pagamento dos salários porque não ter recebido o repasse da Secretaria Municipal de Saúde. Ainda segundo a nota, até agora o hospital só vinha funcionando devido ao esforço dos médicos, enfermeiros, pessoal técnico, administrativo e de apoio.
Segundo a Gamp, por medida de economia, o sistema de ar refrigerado foi desligado e a alimentação só será fornecida para os pacientes e funcionários, ficando suspensa para os acompanhantes. As cirurgias urgentes também estão suspensas e a maternidade só atenderá casos de urgência. A empresa observa que tão logo receba o repasse da prefeitura, vai quitar o salário dos funcionários.
( Tina Santos com informações de Ronaldo Modesto): TC
Comentários com Facebook