A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) emitiu, por meio da Coordenação Estadual de Vigilância em Saúde, o primeiro Informe Epidemiológico de 2017 sobre as ocorrências confirmadas no Pará das quatro doenças que são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Foram registrados, ao todo, 86 casos de dengue, um de zika vírus e dois de febre chikungunya. Não houve nenhuma ocorrência de febre amarela no estado.
Os dados confirmam a redução no número de pessoas acometidas por essas doenças no Pará em relação ao mesmo período de 2016, que registrou 191 confirmações para dengue, uma para chikungunya e cinco por zika.
No município de Xinguara, três mortes ocorridas este ano ainda estão sob investigação devido à associação com os sintomas da febre chikungunya, além dos dois casos seguidos de morte pela doença, já confirmados anteriormente pro critério laboratorial. A Sespa, por meio de retaguarda técnica das equipes de Vigilância em Saúde e do 12º Centro Regional da Saúde (12º CRS), tem apoiado as secretarias municipais de Xinguara na força-tarefa instalada no município a fim de controlar os focos de reprodução do mosquito Aedes aegypti.
Outra medida adotada pela Sespa foi a implantação da Sala de Situação, que tem articulado parcerias com o Exército Brasileiro nas ações de combate ao mosquito. Os soldados já estão em campo nos municípios de Tucuruí, Marituba, Ananindeua, Belém, Marabá, Sapucaia e Rio Maria, e, esta semana, também passaram a reforçar a vigilância epidemiológica no município de Xinguara. Todos foram treinados e capacitados para atuar nas ações educativas junto à população.
O informe técnico confirma, ainda, que em todo o estado não houve registro de mortes por dengue e zika vírus este ano e nem em 2016, mas a Sespa orienta as Secretarias Municipais de Saúde para que informem, num período de 24 horas, a ocorrência de casos graves e mortes suspeitas.
Para a confirmação de óbitos é necessária a investigação epidemiológica com aplicação do Protocolo de Investigação de Óbito do Ministério da Saúde, que prevê exames específicos em laboratórios credenciados do Estado, como o Laboratório Central (Lacen) e Instituto Evandro Chagas (IEC) – que são preconizados pelo Programa Nacional de Controle da Dengue – para o correto encerramento de casos graves e óbitos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
A execução de ações contra as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes é de competência dos municípios, que devem cumprir metas, entre as quais a estabilidade de agentes de controle de endemias capacitados para fazer visitas domiciliares. Paralelamente, a Sespa faz o monitoramento dos 144 municípios que receberam o incentivo do Ministério da Saúde para vigilância, prevenção e controle da dengue, e distribui às prefeituras inseticidas (larvicidas e adulticidas) para o controle. Equipes do órgão estadual também fazem visitas técnicas aos municípios para assessoramento das ações do programa da dengue, além de apoiar capacitação sobre as doenças causadas pelo Aedes aegypti.
Quando há necessidade, a Sespa também faz o controle vetorial, como bloqueio de transmissão viral nas localidades, e articula ações com órgãos municipais de saneamento e limpeza urbana, tendo em vista a melhoria da coleta e destinação adequada de resíduos sólidos. Também fazem parte das ações atividades de educação e mobilização, visando a participação da população no controle da dengue.
Os vírus da dengue, chikungunya e zika provocam sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Mas as doenças têm gravidades diferentes e de notificação obrigatória por parte das equipes de Vigilância Epidemiológica das Secretarias Municipais de Saúde. No caso da febre amarela, os pacientes normalmente não apresentam sintomas e, quando apresentam, os mais comuns são febre, dores musculares em todo o corpo, dor de cabeça, perda de apetite, vômitos, faces e línguas avermelhadas, além de fotofobia e fraqueza.
Segundo o informe epidemiológico emitido pelo Programa de Controle de Endemias da Sespa, não existe tratamento específico para dessas doenças. O tratamento é sintomático e baseia-se em hidratação adequada, levando em consideração o estadiamento da doença, segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, para decidir condutas, bem como o reconhecimento precoce dos sinais de alarme.
É importante que os profissionais de saúde, sobretudo os médicos, reconheçam precocemente os sinais de hemorragia para a correção rápida com infusão de fluídos, bem como a lista de medicamentos contra-indicados em casos suspeitos de dengue.
Febre Amarela
No caso da febre amarela, o tratamento também é sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente, que deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva, com vista a reduzir as complicações e o risco de morte. O médico deve estar em alerta para quaisquer indicações de um agravamento do quadro clínico.
No Pará, a Sespa descarta qualquer situação alarmante, como vem ocorrendo em Minas Gerais (MG). Logo, não há mortes a serem apuradas e tampouco pessoas internadas com sintomas da doença. Só no ano passado, 71.195 pessoas foram vacinadas no Pará contra a doença. Em 2015, o quantitativo foi de 80.230 imunizados. Dos 144 municípios paraenses, 129 estão indicados pelo Ministério da Saúde (MS) para vacinação contra a febre amarela.
Segundo levantamento técnico do Grupo de Trabalho de Zoonoses, da Diretoria de Vigilância em Saúde da Sespa, entre 2010 e 2015 foram confirmados cinco casos de febre amarela no Pará, sendo que três evoluíram para óbito e nenhum dos cinco pacientes, todos homens e com média de 18 anos, estava com o calendário de vacina em dia. Os registros foram dos municípios de Breves e Tailândia, ambos com óbito ocorrido em 2010; Acará em 2013, Monte Alegre em 2014, Afuá em 2015 e Gurupá, no ano passado, também com evolução para morte.
A título de recomendação, a Sespa orienta o mesmo que o Ministério da Saúde (MS) a todos os estados: que toda pessoa que reside ou vai viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata, que são áreas com recomendação da vacina contra febre amarela, deve se imunizar. Isso ocorre porque a transmissão da febre amarela é tida como possível na maioria das regiões do Brasil entre os meses de dezembro e maio.
Sendo assim, a vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) e, no Pará, pode ser encontrada em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS), que é mantida pelas prefeituras. As doses podem ser aplicadas a partir dos nove meses de idade, em residentes e pessoas que viajarem para áreas consideradas endêmicas ou, a partir de seis meses de idade, em situações de surto da doença.
(Com informações do Ministério da Saúde)
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