Em 2016 foram feitos 253 transplantes no Pará, número considerado insuficiente para a quantidade de pessoas que estão na única fila de espera, segundo a Associação de Renais Crônicos e Transplantados do Estado. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), o Pará realiza apenas três tipos de transplantes: córnea, rim, e medula óssea.
Segundo a Central Estadual de Transplante, 521 pacientes esperam por um rim. Já o número de pessoas aguardando uma córnea é de 1.118 pacientes.
“O número de doadores no Estado é considerado muito baixo, há um trabalho intenso para que isso mude, porém é um trabalho cujo resultado é lento”, explica Ana Beltrão, coordenadora da Central de Transplantes.
Fila de espera
Como a fila anda lentamente, a autônoma Dolores Santos perdeu os dois rins enquanto esperava na fila pelo órgão. Para viver, ela tem que fazer diálise três vezes por semana no Hospital Ophir Loyola, em Belém.
“Se não tiver doação, a gente tá aqui esperando”, dize Dolores Santos.
O Hospital Ophir Loyola é o único público que realiza transplante de rim. Os transplantes podem ser realizados de duas formas: na primeira, o doador é vivo e geralmente é da família do paciente que precisa do órgão; na segunda é preciso esperar por um doador anônimo.
Atualmente, no HOL existem 48 pessoas nessa situação, mas o que vai definir quem vai receber o órgão, não é o tempo de espera e sim uma série de fatores que vai tentar apontar quem é o paciente mais compatível com o órgão coletado.
A autônoma Érika Rodrigues foi chamada 17 vezes para receber o rim novo, mas nunca foi possível fazer a cirurgia. Há 8 anos ela toma cinco remédios todos os dias antes de ir trabalhar. Ela diz que em nenhum momento perdeu a alegria de viver e a esperança.
“Estou fazendo meus exames, tudo que o doutor pede eu faço. Eu tenho esperança sim de um dia transplantar. Eu não vou perder a esperança”, conta Erika.
Órgãos
Para a Associação de Renais Crônicos e Transplantados do Estado, o número de transplantes ainda é baixo e os pacientes que precisam de cirurgia para conseguir outros órgãos, como coração e fígado, têm que fazer o processo em outro estado.
“Nós temos equipes de hepatologistas prontos para fazer transplantes, temos equipe de cárdio para fazer transplante, temos equipe de hemato e não fazemos”, pontua Belina Soares, da Associação.
Ana Beltrão, coordenadora da Central de Transplantes explica que o governo trabalha para que o serviço volte a ser realizado no Estado. “A ausência de transplante de coração e de fígado é proveniente de uma série de situações, desde desarticulação das equipes que estão preparadas, até uma troca de características dos hospitais, não é simples. O certo é que nós estamos tentando trazer de volta esses transplantes pra cá”, afirmou.
Do G1
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