A Comissão Especial de Inquérito (CEI 01/2017), denominada CPI da Vale, se reuniu pela primeira vez com representantes da mineradora Vale na manhã desta sexta-feira (10), na sala das comissões, no prédio do Legislativo municipal.
Estiveram presentes os vereadores Eliene Soares (PMDB), Francisca Ciza (DEM), Joel do Sindicato (DEM) e Horácio Martins (PSD), integrantes da CPI, e Marcelo Parcerinho (PSC), Zacarias Marques (PSDB) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Elias Ferreira (PSB). A reunião foi conduzida pela presidente da referida CPI, vereadora Eliene Soares.
Dentre os pontos suscitados durante a reunião, estava a falta de pagamento aos empresários locais por parte das empresas terceirizadas pela mineradora. O vereador Joel do Sindicato ressaltou que muitas empresas estão quebradas por não receberem os serviços prestados, por isso deve haver uma reavaliação do valor e dos preços destes serviços. “Os contratos feitos com base no menor preço, principalmente os de outros municípios, acarretam este problema, visto que não conhecem a realidade e os preços de nossa região”, destacou.
O líder de projeto do ramal ferroviário, Plínio Tocchetto, esclareceu afirmando que antes de contratar uma empresa para prestação de serviços terceirizados a mineradora avalia a saúde financeira da empresa a ser contratada. “Ninguém arrisca seu capital se não houver retorno. Até porque para prestar serviço para a Vale é preciso ter estrutura organizacional”, disse Plínio Tocchetto.
A vereadora Francisca Ciza pediu uma parceria entre a mineradora e o poder público municipal. Para a parlamentar, ainda não é possível dizer que a Vale tem colaborado efetivamente com Parauapebas. Para haver parceria é necessário que haja contrapartida em prol da cidade.
O vereador Zacarias Marques, por sua vez, destacou que já investigou a Vale na legislatura anterior e foi verificado o modo como a empresa trata o município. “O projeto de Carajás corresponde a 1/3 de toda empresa. Esta cidade sustenta a mineradora. Porém, a contrapartida social que se espera de uma empresa do tamanho da Vale é maior”, explicou.
Ao se pronunciar, o vereador Horácio Martins relatou que onde há extrativismo, como o encontrado em Parauapebas, há, também, uma pobreza muito grande. Conforme o parlamentar, para se constatar este fato basta olhar para o exemplo do município de Itabira (MG). “Não tem justificava o local que abriga uma das maiores minas a céu aberto do mundo ter uma cidade tão carente. A periferia de nossa cidade é um caos. A Vale tem que olhar para nossa cidade de forma diferente, porque o ferro não se reproduz. O agronegócio se repõe, mas o ferro não. Não queremos gerar uma cidade abandonada, até porque, se a Vale é uma multinacional respeitada mundialmente, é graças ao melhor minério do mundo: o nosso”, desabafou Horácio Martins.
Ainda segundo o vereador, o crescimento da mineradora se deu por Parauapebas. “Não queremos que esta empresa seja a maior multinacional do mundo deixando um buraco em nosso município. Vocês receberam equipamentos, estão usando, mas o verdadeiro dono deste material está sem receber. Nas grandes capitais que a empresa tem representantes, eles não têm conhecimento das mazelas que enfrentamos. Em meio a essa crise, quem salvou o Brasil e o Pará na balança comercial foi Parauapebas, e é por isso que esta empresa tem a obrigação de entregar para a nossa comunidade uma contrapartida social”, finalizou.
A presidente da CPI, vereadora Eliene Soares, se comprometeu a coletar dados e material para que seja realizada uma nova reunião, em que será discutido o controle do pagamento dos fornecedores das empresas terceirizadas e a viabilidade de maior prestação de serviço social para a população de Parauapebas.
Texto: Josiane Quintino / Revisão: Waldir Silva (AscomLeg)
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