Eu sou tão antiquado que já descobri o amor pelo bate-papo do Bol. Do Bol, migrei pro Uol. Do Uol, pro MSN, ICQ, SMS, Whats… Tão antiquado, que confesso que certas modernidades ainda me incomodam. Um grande exemplo é o Snap, que eu nem sabia que era chat e nem sabia pra que servia. Baixei no meu smatphone pra nada. Apaguei pra aliviar memória, pois nunca entendi bulhufas de como aquilo funcionava e principalmente qual era o objetivo. Compreendi o funcionamento do Instagram e dos stories e achei até legal. Depois o Whats evoluiu e também trouxe as suas próprias stories.
O Tinder foi um verdadeiro achado. É um “cai-no-poço” moderno, um menu com as mais variadas opções, desde o convencional, até os novos modelos trans de fábrica. Eu, que sou antiquado, opto sempre pelo convencional. Fui passando as fotos e a cada match uma esperança. Regulei as válvulas do aplicativo para me indicar pessoas num raio de 5 km. Passou disso, o crush não vale a pena. A cidade é pequena, mas a solidão dessa gente é grande e vocês nem fazem ideia da quantidade de pessoas que tem por aí acreditando nessa jogatina sexual disfarçada de romance moderno. Digam o que quiserem, o Tinder é tesão apenas. E só.
O caso é que eu te encontrei no Tinder sem porquê. Passei tua foto e quase dei deslike sem querer. Minhas mãos tremeram. Pensei em dar um super like, mas entregar o jogo assim de primeira não faz muito o meu feitio. Dei um like simples, tranquilo, favorável, só pra garantir. Um segundo e meio depois veio a resposta do nosso match.
Shippei nós dois na hora. Puxei assunto. Um “oi”. Você respondeu. Pedi o Whats, você mandou. Meu coração bateu forte. “Bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “oi, sumido”, “te acho linda”, “arrasou”, “tá gata”, “manda algum nude aí”, “seu corpo é lindo”, “oi sumido”, “vamos sair pra tomar açaí”, “amei teu beijo”, “manda nude aí…”
E o nosso dia não começava mais sem bom dia. E a tarde era amargor sem um boa tarde. E a noite era sufoco sem um nude qualquer. O tesão virou paixão, a paixão virou amor, o amor me virou do avesso, o avesso virou palpitação e a palpitação virou tesão de novo. E o tesão, suor, cama, cigarro, café da manhã na cama e casamento.
Te achei no Tinder, meu bem. Sei que o app é só tesão, mas nesse caso foi revelação. O amor tem dessas coisas de seguir na contramão do usual. Te amei de primeira e só tenho isso a explicar. A ficha nunca cai de verdade: quantos matches ao longo e ao tanto a gente deixa passar? O que me deixa perplexo é como cada coisa da gente se encaixa no lugar, como cada segredo da gente parece fazer sentido, tudo encaixa, tudo se resolve, tudo só melhora com os anos.
O amor tem dessas coisas de não escolher muito a plataforma de encontro. Eu, que pensei ter achado o amor no Bol, te achei uma década depois no Tinder. Esse cai-no-poço moderno. Benza a Deus que a gente foi salada mista. Ah, esse match ainda vai dar tanto o que falar…
Ah, só pra você saber… Apaguei o aplicativo, tá? Sabe como é, né? Esse app é só tesão.
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