Reportagem postada na Revista Exame, edição on-line, destaca a posição do Pará, na matéria intitulada “Os 8 estados brasileiros que devem superar o nível pré-crise em 2019”. O texto diz que a economia brasileira já não está em recessão, mas isso não significa que a crise foi superada. “Após uma queda acumulada de 6,9% no biênio 2015/2016, o PIB cresceu 1% em 2017, e a estimativa da Consultoria Tendências é que cresça outros 1,7% em 2018 e 2,9% em 2019”, afirma a matéria, assinada pelo repórter João Pedro Caleiro.
A notícia assinala, entretanto, que a recuperação é desigual e será suficiente para que apenas oito estados brasileiros atinjam finalmente o nível de atividade anterior à crise.
Veja quais são eles:
Nível do PIB em 2019 comparado com 2014
Pará 11,3%
Roraima 6,9%
Mato Grosso 5,5%
Mato Grosso do Sul 2,1%
Santa Catarina 1,9%
Rondônia 1,2%
Tocantins 0,9%
Amazonas 0,4%
Todos os estados que vão se recuperar mais rápido estão na região Norte e Centro-Oeste, “impulsionados principalmente pelo agronegócio e mineração, além da forte exposição ao mercado externo”, segundo a consultoria.
A agropecuária, por exemplo, respondeu por 70% de todo o crescimento do país no ano de 2017. Sem ela, o PIB daquele ano teria subido 0,2% e não 1%. O maior destaque do ranking é o Pará, um dos estados menos afetados pela crise, com queda do PIB de apenas 1,2% no biênio 2015/2015. Segundo Camila Saito, economista da Tendências, a explicação está nos grandes investimentos de mineração da Vale no estado.
De forma geral, foram bastante os estados com forte participação dos setores mais afetados pela crise, como o industrial. É o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.
“2019 devemos ter uma retomada mais forte da indústria, que vem se recuperando mais lentamente do que o esperado, com piora ainda maior das estimativas devido a essa greve dos caminhoneiros”, diz Camila.
Na outra ponta do ranking estão os estados que terminarão 2019 ainda muito distantes da recuperação plena, como Alagoas (-8,4%), Sergipe (-7,8%) e Pernambuco (-7,5%).
O Nordeste, de forma geral, depende muito de investimento público e transferências do governo, dois fatores cujo cenário de recuperação ainda é muito incerto.
O quarto estado mais distante do nível pré-crise será o Espírito Santo, recorde de perdas no biênio 2015/2016, em grande parte devido aos efeitos da tragédia de Mariana (MG).
Veja no mapa a situação do PIB em todos os estados em relação ao nível pré-crise segundo a estimativa da Tendências:
Entidades dizem que o Pará tem tudo para crescer ainda mais
Ouvido pelo Blog, o pecuarista Maurício Fraga Filho, presidente da Associação dos Criadores do Pará (AcriPará), diz que, apesar das dificuldades que setor enfrenta, o agronegócio está se desenvolvendo muito no Pará, embora o pecuarista, o produtor rural tenha encontrado dificuldades nos processos de Regularização Ambiental e Regularização Fundiária.
Maurício Fraga concorda que, não fossem esses entraves burocráticos, a situação do Estado seria melhor ainda: “Essa questão é muito séria no Pará, onde a titulação de terras não consegue evoluir”, reclama.
Segundo ele, o Pará tem, juntos, os quatro requisitos dos quais a agropecuária precisa fundamentalmente: “Solo, terra boa; chuvas; luz, temos muito sol; e calor. Ninguém tem esses quatro requisitos juntos. Para pastagem, o Pará é imbatível em relação aos outros Estados”, avalia Fraga.
Também procurado, o vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim), Eugênio Alegretti Neto, disse que já havia comentado, em várias entrevistas, que o Pará sairia na frente no processo de recuperação da economia.
“O Brasil tem alguns diferenciais, como mineração e agronegócio, dois setores que têm uma capacidade muito grande de geração de divisas e representam uma boa parte do nosso PIB”, afirma Eugênio.
Para ele, diferentemente de países que estão em profunda crise, como Grécia e Argentina, que entraram há alguns anos em colapso econômico e não tem perspectiva de melhora, porque não contam com setores fortes como a pecuária e a mineração, o Brasil, ao contrário, tem uma capacidade muito forte de geração de caixa. “O Pará, tendo em vista que tem uma grande representatividade desses setores na sua pauta, garante essa largada do na frente”, comemora. (Fonte: Exame)
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