Campeã de reclamações em todo o estado, a Rede Celpa conseguiu reunir contra ela a antipatia de consumidores de todas as regiões paraenses. Aliás, populações em vários municípios têm saído às ruas para protestar contra cobranças exageradas e indevidas nas contas de energia.
As denúncias tratam ainda de medidores supostamente programados para aumentar o consumo, ICMS cobrado em dobro, além de completa falta de transparência da empresa na sua relação com os consumidores, tratados como cidadãos de quinta categoria.
De Santarém a Marabá, de Bragança a Belém, de Óbidos a Canaã dos Carajás, de Cametá a Breu Branco, etc, as denúncias se acumulam. Os fiscais da lei, por outro lado, assistem a banda da roubalheira passar e fazem cara de paisagem.
Pior de tudo é que, para reclamar e ter restabelecida a energia cortada, o consumidor precisa primeiro pagar o que supostamente deve. Mesmo que aquilo que esteja sendo cobrado, de simples barraco com dois bicos de luz, uma TV e uma geladeira, signifique uma aberração financeira. Quer dizer, além do assalto, a Celpa trata seus clientes com intransigência e arrogância.
A mídia, uma vergonha
E o que faz a grande imprensa do Pará, que deve milhões à Celpa, não paga e sequer tem a luz cortada? Como recebe farta publicidade, ainda elogia a empresa, criminalizando boa parte da população, acusada nas tintas marrons desses jornais e nas imagens borradas das tevês de “fazer gato” e “dar calote” na conta de energia. Ou seja, a culpa é dos próprios prejudicados.
Apesar dessas campanhas imorais de uma mídia cada vez mais sem credibilidade junto ao público, o movimento “Fora Celpa”, que nasceu expontaneamente entre os consumidores residenciais e de pequenas empresas, agora também ganhou a adesão de prefeituras, que se dizem vítimas das malditas “bandeiras vermelha ou amarela”, o que faz aumentar os débitos municipais.
A Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará (Famep), por exemplo, informa que essas “bandeiras” fazem disparar o valor das contas de energia de prédios públicos e na iluminação das ruas. Nesse caso, o que as prefeituras arrecadam na taxa de iluminação pública é bem inferior ao tamanho do consumo registrado pela Celpa.
Tantas queixas, de todos os lados, ensejam a seguinte pergunta: o que fazem deputados estaduais, federais e senadores paraenses que não agem e apresentam uma solução? É bom lembrar, para eventuais esquecidos, que o Pará é o maior produtor nacional de energia elétrica, pois aqui estão instaladas as maiores hidrelétricas do país, a de Tucuruí e a de Belo Monte.
Como é que se pode pagar tão caro por uma energia que deveria ser a mais barata para todos? Lógico que o ICMS da energia é um roubo descarado, o maior do país, de quase 30%. Mas disso se aproveita a Celpa para empurrar contas astronômicas, apesar de milhares de famílias tudo fazerem para reduzir o consumo de suas residências, como ocorre também nas empresas. A Celpa diz que seus medidores fazem a leitura correta. Dose de cinismo.
Procon é fraquinho
Diante de tanto descaso perante os contribuintes, resta queixar-se ao Procon, que em tese deveria defender os consumidores. Mas o órgão não tem força para cumprir sua missão. Daí, limita-se a propor, quase implorando, que a Celpa assine Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). E firmou mais um TAC. Desta vez para “diminuir a elevada demanda de reclamações dos consumidores, especialmente por acúmulo de consumo nas faturas e o combate às perdas de energia”.
Resumo da ópera: o roubo nas faturas virou caso de polícia. Mas quem vai pegar a Celpa? E fazê-la pagar bilhões por danos morais coletivos à maioria da população do Pará?
Com a palavra, o MP e a Justiça.
Comentários com Facebook