O documentário ‘O Reflexo do Lago’, de Fernando Segtowick, aborda a realidade de uma comunidade do Lago de Tucuruí
“O Reflexo do Lago”, do cineasta paraense Fernando Segtowick , foi selecionado ao 70º Festival Internacional de Berlim, um dos festivais de cinema mais importantes do mundo. O documentário em preto e branco, com duração de 72 minutos, se debruça sobre os relatos do modo de vida de moradores da região do lago de Tucuruí, no Pará.
A hidrelétrica foi inaugurada em 1984, mas até hoje algumas comunidades da região não têm acesso à energia elétrica. O filme de Segtowick compete na mostra “Panorama” junto a outros 34 filmes, incluindo outra produção nacional e mais três brasileiras em parceria com outros países.
O Reflexo do Lago é o primeiro longa-metragem de Segtowick , que dirigiu os curta-metragens “Dias” (2000), “Matinta” (2010), “No Movimento da Fé”(2013) co-dirigido com Thiago Pelaes, “O Caminho das Pedras (2017) e “Canção do Amor Perfeito” (2018) ambos co-dirigidos com Alexandre Nogueira, além das séries “Diz Aí Amazônida” (2015), “Eu Moro Aqui” (2017) e “Sabores da Terra” (2020). “Estar lá já é um prêmio. Isso já é incrível”, comemora.
A notícia foi recebida com festa entre os críticos e cinéfilos, que acreditam ser ele o primeiro paraense selecionado a esse festival. “Acredito que seja o primeiro paraense. É raro isso. Tem que ser festejado”, declara Marco Antônio Moreira, da Associação de Críticos de Cinema do Pará.
“Os festivais têm muito mais respeito no mundo do cinema do que o Oscar”, afirma. Berlim é uma das maiores referências ao lado de Cannes e Veneza. “Qualquer filme selecionado para esses festivais é sempre de boa qualidade e merece atenção”, afirma o crítico.
Em “O Reflexo do Lago”, a equipe da produtora Marahu Films, visita o arquipélago do rio Caraipé, no reservatório da hidrelétrica de Tucuruí, 35 anos após a construção da barragem, para colher os relatos de moradores sobre os ciclos econômicos de pesca e de castanha-do-pará que foram prejudicados pelo empreendimento e de árvores que morreram submersas, entre outros temas.
O cineasta e a equipe chegam ao local para filmar os resultados da busca do homem pelo desenvolvimento refletida em uma pequena comunidade. Mas eles extrapolam o papel de meros narradores para surgir em frente às câmeras como participantes do documentário.
O longa é filmado todo em preto e branco, a exemplo do livro fotográfico “O Lago do Esquecimento”, de Paula Sampaio, que teve os direitos adquiridos e serviu de inspiração ao filme. Ainda, Segtowick se baseou em pesquisas de Edilene Santos Portilho, graduada em Licenciatura em Ciências Agrícolas (UFRJ), mestre em Educação Agrícola (UFRJ) e Doutora em Educação pela (UFF), que é natural de Caraipé.
“A gente quis fazer um filme, sem ser reportagem ou filme institucional. O filme conta a história de uma equipe que vai fazer o filme. Eu sou personagem do filme e a nossa equipe aparece, mostra um pouco do processo de filmagem, de como se faz um filme, ao mesmo tempo, vai encontrando as pessoas no caminho e vai contando como se deu a construção do lago”, descreve.
“O Reflexo do Lago” é uma produção de 2020 com estreia mundial marcada para 24 de fevereiro, às 17 horas, no Festival de Berlim. O festival acontece entre os dias 20 de fevereiro a 1º de março.
ORM
Enize Vidigal
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