Foi discutida como alternativa à alimentação saudável e livre de veneno uma nova relação entre agricultores e consumidores.
Dando continuidade à segunda etapa do I Circuito de Feiras e Mostras Culturais da Reforma Agrária, neste sábado (8) trabalhadores rurais, moradores da região e convidados, em meio a artesanatos, alimentos livres de veneno e comidas típicas, debateram sobre alimentação saudável e agroecologia.
Pela manhã, em roda de conversa, foi discutida como alternativa à alimentação saudável e livre de veneno uma nova relação entre agricultores e consumidores, trazendo experiências de Comunidades que Sustentam a Agricultura (CSA).
Renata Navega, integrante do projeto CSA, apresentou um novo modelo de organização de consumo, que permite a participação das pessoas no planejamento da safra, além de alterar a forma de se relacionar com a terra e os alimentos.
“Na CSA o consumidor deixa de aparecer só no final do ciclo de produção, trocando o alimento por dinheiro, e passa a se envolver com o agricultor desde o início, sendo um coprodutor. Traz o seu poder de compra para financiar a agricultura que ele quer ver no país. Saindo da cultura do preço para a cultura do apreço. Valorizando a arte do agricultor” destaca Navega.
Com o projeto, os agricultores entregam uma vez por semana os alimentos diretamente aos coprodutores, eliminando atravessadores.
Após exibição do Filme “O veneno está na mesa”, foi realizado mais um debate. Na ocasião, Fábio Miranda, da Campanha Permanente contra Agrotóxicos e Pela Vida, disse que parcela considerável do preço embutido nos alimentos fica na mão dos intermediários. “Há pesquisas comprovando que por conta do atravessador os alimentos orgânicos são aumentados em até 600% após sair das mãos do agricultor”, pontuou.
Ele aponta que existe um distanciamento entre produtor e consumidor, importando, em muitos casos, apenas que o alimento esteja na mesa. “Quebrar essa distância e estreitar o laço entre campo e cidade é fundamental para romper com o modelo hegemônico do agronegócio que privilegia o lucro das empresas em detrimento da saúde da população”, explica.
“Temos uma crítica muito forte contra o agronegócio, modelo que utiliza maquinário pesado, insumos químicos e agrotóxicos. A contraposição a esse modelo, que acaba com a soberania do país, é a agroecologia, uma forma de produção que concilia a conservação da natureza, o empoderamento das comunidades e a distribuição da riqueza”, afirma Fábio Miranda.
Na agroecologia, a grande parte dos recursos acaba diretamente nas mãos dos trabalhadores, ao invés de alimentar um mercado que prioriza o lucro e o acúmulo de riqueza, o investimento vai para quem produz a comida.
“No caminho do agronegócio só fica a destruição, a terra arrasada, e um povo com fome. Além da perda da soberania nacional. A agroecologia vai em desencontro à esse modelo, onde há espaço para a produção agroecológica, há efetivamente o desenvolvimento por igual desses territórios, a recuperação ambiental e a mudança na saúde da população”, explica Miranda.
Para Bárbara Loureiro, do Setor de Produção do MST, a agroecologia propõe uma outra relação do ser humano com a natureza, diretamente ligada ao modelo da Reforma Agrária Popular, que defende a democratização do acesso à terra e a produção de alimentos em quantidade e com qualidade suficientes para garantir uma vida digna à população brasileira.
“A Feira é a materialização do processo entre a agroecologia e a Reforma Agrária que permite trazer para a cidade produtos dos nossos assentamentos, da agricultura camponesa, produzidos de forma saudável para alimentar a cidade”, finaliza.
No final deste segundo dia da Feira, a população de Formosa ainda se divertiu ao som da pernambucana Martinha do Coco e de Fellipe Rodrigues, com um autêntico forró pé de serra.
Por Roberta Quintino
Da Mídia Ninja
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