Estamos observando a crise dos meios impressos no mercado publicitário. Revistas fechando, não sem antes serem tele transportadas para o mundo virtual como uma simples adaptação, quando necessário seria passar por uma profunda transformação. Logo desapareceram.
O mesmo acontece com os jornais que não conseguiram se adaptar a um novo mundo – digital – ainda se comportando como mídia principal, dando manchetes como se um fato importante acabasse de acontecer, mas que o digital já deu horas antes, exaurindo a novidade. Isso me faz lembrar quando os Jogos Olímpicos foram realizados na Austrália em 2000.
As competições eram realizadas quando era madrugada no Brasil. De manhã, os jornais impressos não davam uma linha sequer sobre os resultados, que publicariam somente no dia seguinte, ou seja, dois dias após as competições. Na atual configuração, temos a mesma sensação de “notícia velha” quando abrimos o jornal impresso pela manhã.
A função hoje do impresso é repercutir o que a internet já deu como manchete. Ao jornal, cumpre a humildade de “pegar o bonde andando” e dali, complementar o desdobramento e a repercussão da notícia. Quando não faz isso, a impressão que dá ao leitor é de notícia velha como se fosse nova, produzidas em redações vazias onde os melhores profissionais foram demitidos tecnicamente, ou seja, chega um gerente saído de quatro MBAs de gestão, mas que não entendem absolutamente nada de Jornalismo, de notícia, de jornal impresso.
O Master of Business corta os profissionais pelo salário – que significa experiência – e deixa uma turma de estagiários ou focas saídos de uma graduação nem sempre excelente, o que seria o mínimo. Ora, o leitor não é bobo. Se for para ler release, ele lê… na Internet. O que ele quer é a opinião, uma história bem contada, o verdadeiro Jornalismo.
Abra o seu jornal impresso hoje ou a sua revista preferida. Você não vai mais encontrar anúncios. Na edição do final de semana, um aqui, outro ali. Redações vazias, e por isso, fecham; agencias de publicidade e propaganda não produzem mais os anúncios que sustentam os veículos, porque também não tem mais clientes para anunciar. Em muitos lugares, a saída foi se unir, numa fusão que permitisse uma sobrevida, dividindo verbas…
Sim, o mundo mudou, mas as pessoas não acompanharam a mudança. Empresas e empregados ficaram para trás, não se atualizaram e passam por grandes dificuldades. O Jornalismo não desaparecerá nunca, mas as plataformas, antes meios e veículos, agora mudam o tempo todo. Ao mesmo tempo em que redações são encolhidas ou fechadas, abrem-se novas equipes como recentemente no Brasil, aportaram o El Pais e a BBC Brasil.
Produzindo notícias a todo vapor, sendo copiadas por outras redações e compartilhadas à exaustão pelas redes sociais. Não, os jornalistas não vieram de fora, foram recrutados aqui mesmo na Terra de Santa Cruz.
Felizmente, ainda dá tempo de alcançar o novo mundo, o digital, e se reintegrar à nova era. Mas é preciso uma transformação e não uma simples adaptação a esse novo mercado, que não tem mais o patrocínio do mercado tradicional e nem a tranquilidade da verba pública. E as empresas, que foram um dia a galinha dos ovos de ouro, têm que a cada dia catar cada centavo para pagar as contas. Mas elas estão morrendo tal e qual na fábula…
Aí, surgem aqueles 200 milhões de um, de que fala a Rede Globo, pois a entrega das notícias e da publicidade hoje, praticamente tem que ser feita uma a uma, a cada pessoa que, no passado recente, formava uma massa disforme que hoje não existe mais. Obviamente que o Jornalismo jamais acabará, mas o que já acabou foram as rotinas de vender jornal.
A realidade do mercado, que dá emprego e renda e consequentemente todo o conforto e conveniência que sonhamos é bem diferente dos tratados e teorias da Comunicação. A prática é bem diferente dos milhares de livros que promovem centenas de teorias tornando o mestre mais mestre e o doutor mais doutor, só que com o tempo de validade vencido, ou prestes a vencer.
Não desvalorizo o estudo acadêmico, pois o considero indispensável, assim como a base teórica. Mas, definitivamente, a teoria não sustenta mercados. Quem não vive dela, a teoria, está passando por situações bem difíceis. Trezentos livros de Comunicação não substituem três profissionais da rua, que é a essência do repórter.
A palavra de ordem é Produção de Conteúdo, com entrega delivery …
O universo está mesmo numa casca de noz ou, melhor, numa pequena tela de um Smartphone. Já faz tempo que a notícia vai atrás do leitor e não o contrário, como se fazia num tempo longínquo de 5 anos atrás. Quem ainda tem tempo de passar uma hora que seja em frente a um aparelho de TV?
Não, a Tecnologia não acabou com o emprego nem com o trabalho, mas fez tudo ser reconfigurado. Desaparecem postos de trabalho, mas aparecem outros, num novo formato, muitas vezes mais dinâmico, mas rápido e em constante movimento, em alta velocidade. Muitos dos novos cargos nas empresas que vão recrutar milhares de trabalhadores, ainda nem existem. Não é preciso ser adivinho ou ter bola de cristal para saber que quem não acompanha esse processo, está fora. Ou se pendurando.
O melhor a fazer é mesmo correr atrás e não lamentar o que já foi.
Jorge Reis – consultor em mídias sociais
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