Em Almeirim, no Baixo Amazonas, agricultores estão sendo treinados pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em um engajamento com a Fundação Jari, para suprir um déficit histórico do município: a produção de hortaliças.
Segundo dados oficiais, em contrapartida a uma tradição de bubalinocultura e avicultura, atualmente, o município necessita importar de polos, como Santarém, até 90% de produtos utilizados cotidianamente na alimentação local, como alface, cheiro-verde e cebolinha.
A finalidade mais imediata é abastecer a merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
“As atividades carregam a história da coletividade, e é preciso ir atualizando as necessidades também de cadeias produtivas. Hoje, podemos dizer que em Almerim existe, sim, mercado efervescente para absorver a produção de hortaliças. E para tanto, o esforço da Emater é romper o paradigma e estimular mão-de-obra, por meio de acesso a tecnologias, crédito rural e demais contextos de políticas públicas”, explica o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Elinaldo Silva.
O gestor reforça que a parceria tanto com entidades públicas, como a Prefeitura, quanto com a iniciativa privada e o terceiro setor é um caminho para o desenvolvimento sustentável, via assinaturas de convênios e termos de cooperação técnica: “Quando se reúnem ferramentas, a visão se prospecta e o resultado acaba muito mais efetivo”, pontua.
Teoria e prática
A iniciativa vem sendo fortalecida em nível pioneiro na Comunidade Goela da Morte, no km 40 da rodovia PA-473.
“Sou aposentada, mas aqui faço farinha, tenho as minhas frutas”, comenta Iracema Santos, 60 anos, que produz itens alimentícios no Sítio Deus-que-me-Deu. “Estamos muito felizes porque as Instituições abraçaram a causa”, completa.
Em março, Iracema participou de um evento especial: o primeiro curso de Produção de Hortaliças em Sistema Protegido, organizado por Emater e Fundação Jari, com o apoio da Prefeitura, para oito agricultores avizinhados.
Foram cinco dias de conhecimento recíproco sobre a construção de estufas que resguardem canteiros de hortaliças de eventos adversos como chuva, ventania e excesso de sol. Pela realidade climática do município, se não houver nenhuma proteção, o risco de prejuízos e perda total pode ser de 100%, como indicam especialistas.
Ministrado pela técnica em agropecuária Taciana Miranda, do escritório local da Emater em Santarém, oeste do Pará, o curso apresentou um modelo de 25 metros de comprimento por seis metros de largura e cobertura de 100 m de plástico translúcido, de 120 micras, suspensa no que se chama “pé-direito”: a dois metros e meio sobre suporte de madeira reaproveitada, como angelim e eucalipto. Na dinâmica, o grupo iniciou um dos empreendimentos em uma propriedade específica, com o planejamento de mais três ainda este semestre, em propriedades diversas.
“Cada estufa comporta quatro canteiros, em uma dimensão total de 400 m². Nesse primeiro, introduzimos folhosas, como cheiro-verde. A previsão de colheita é de 30 a 35 dias”, esclarece a profissional.
O gerente de projeto da Fundação Jari, o engenheiro agrônomo Arnaldo Santos, explica que uma qualificação mais direcionada, complementando a experiência e a intuição dos agricultores, repercute em uma expectativa de maior êxito.
“Existem aspectos que precisam ser calculados, tais quais posicionamento da estrutura em si, logística, proximidade com fonte de água e incidência e distribuição de raio solar”, pontua.
Parceria
Arnaldo Santos afirma que a proposta busca a interação máxima e um olhar diferenciado para a comunidade.
“Atuamos em nível ambiental, econômico e social na região desde o ano 2000, em uma programação de rede, para ajudar a promover desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para os moradores da nossa área ocupacional, e com foco em geração de renda e educação ecológica”, considera.
Ele relata que os próprios agricultores demandaram a iniciativa. “Nossa equipe de campo convive e se reúne diretamente com as localidades, em uma comunicação fluida”, detalha. Conforme estudos comparativos da entidade, os mercados governamentais apresentam-se, assim, como uma alternativa bem vantajosa: além da merenda escolar, também o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)”.
Para a Fundação Jari, diz, a junção de esforços com a Emater sobretudo “otimiza recursos e aumenta o raio de abrangência, com alcance a lugares mais distantes”, conclui Santos.
Texto: Ascom Emater
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