Com o auxílio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), pela primeira vez, agricultores familiares de Canaã dos Carajás, na região Carajás, alguns deles beneficiários do Bolsa-Família, assinaram contratos individuais de fornecimento de merenda para as escolas públicas do município.
Até então, a Prefeitura Municipal comprava os produtos apenas de cooperativas, que muitas vezes não conseguiam suprir a demanda, o que fazia com que o poder municipal precisasse obtê-los na cidade próxima: Parauapebas.
A recente negociação foi oficializada com 15 famílias de cerca de cinco comunidades, e atende às prerrogativas da lei federal 11.947/09, a qual determina que pelo menos 30% dos recursos para alimentação estudantil sejam destinados à compra de produtos da agricultura familiar de cada município. No cardápio, estão sendo fornecidos itens in natura como alface, banana e goiaba, e como novidade, a pitaya.
De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Canaã, o engenheiro ambiental Matheus Sousa, especialista em Geotecnologia, a Empresa atua no processo inteiro: desde a identificação dos potenciais até na cessão de transporte para o escoamento das mercadorias.
“É um trabalho de mobilização e principalmente de conscientização sobre a legislação. Muitos agricultores desconhecem que esse é um mercado aberto e possível para eles. Auxiliamos na organização das documentações necessárias e no preparo das propostas pertinentes aos editais, bem como fortalecemos a estruturação dos sistemas de produção, de modo que eles consigam corresponder com quantidade e qualidade às necessidades da Secretaria Municipal de Educação (Semed)”, explica.
A previsão é que, ao longo do ano letivo de 2023, mais de 35 toneladas de alimentos saiam das roças de Canaã diretamente para os pratos dos estudantes, sob um pagamento total de mais de R$ 2 milhões e meio. O cálculo representa um lucro de até 500% para os produtores, em comparação à prática anterior de comercialização, feita por meio de atravessadores.
Pela estimativa da Emater, a garantia de venda a preços significativos repercute de forma direta na qualidade de vida e na manutenção das famílias no campo: “O resultado é segurança alimentar para as crianças, com alimentos saudáveis e valorativos das tradições, e a segurança financeira para os produtores, vários que eram dependentes de políticas assistenciais”, diz Sousa.
Assistência – Na dinâmica de merenda escolar, a Empresa providencia o transporte e vai buscar na porteira do Sítio Esperança em Cristo a rúcula plantada pelo casal horticultor Ozéas Pinto, de 57 anos, e Eliezer Moura, de 58 anos:
São cinco mil m² na região do Sossego Charqueados, onde a família colhe, além de rúcula, produtos como couve e cheiro verde, a partir de seis canteiros, utilizando técnicas com a hidroponia.
“Folhosa bonita, gostosa, limpa. Vai junto a nossa história de dedicação e amor à natureza”, relata Pinto, que quebrou o pé em um acidente de moto há dois meses. Com a limitação física e o consequente impacto na lida braçal, a renda do edital público tem feito diferença no sustento. “A gente não sabia que poderia participar. Nas próximas reuniões, o objetivo é oferecer mais produto, na conformidade com nossa capacidade de operações”, complementou.
Texto: Aline Miranda/Ascom Emater
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