O assaltante foragido Antônio Rangel Duarte Lima, o Bin Laden, de 34 anos, preso em setembro passado após um crime de “sapatinho” e o ataque à Prosegur – ambos em Marabá – e foragido dois meses depois, foi recapturado no Estado de Goiás neste final de semana após o veículo em que ele estava realizar uma ultrapassagem não permitida e ser abordado pela Polícia Rodoviária Federal. Bin Laden estava portando uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsificada e em companhia de outro homem que também possui envolvimento em crimes contra agências bancárias.
Procurada pelo CORREIO nesta segunda-feira (6), a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) confirmou que Bin Laden estava foragido desde o final de novembro do ano passado, quando foi resgatado por outras pessoas durante a fuga de um grupo, ocorrida no Complexo de Americano, em Santa Izabel. Em nota ao Jornal, o órgão afirmou, ainda, que já estão sendo tomadas medidas para transferi-lo de volta ao Pará, sendo que a Polícia Civil aguarda apenas a manifestação da Justiça Goiana para a liberação do criminoso, o que poderá ocorrer nos próximos dias. O local em que irá permanecer custodiado, no entanto, ainda não foi definido.
Conforme informações divulgadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), por volta das 10 horas de domingo (5), uma equipe abordou o veículo Chevrolet Cruze, de placas OLM-1909, no quilômetro 162 da Rodovia BR 153, em Campinorte, Estado do Goiás. O automóvel era conduzido por Rony Helisson Galvão Campos, de 29 anos, que transportava Antônio Rangel Duarte Lima, o Bin Laden, como passageiro. Os agentes destacaram que a abordagem se deu porque o motorista forçou uma ultrapassagem não permitida, flagrada pelos policiais.
Ao solicitarem a documentação dos dois ocupantes, os agentes federais perceberam que uma das carteiras de habilitação – em posse de Bin Laden – apresentava indícios de falsificação, contendo a foto do portador, mas em nome de Roberto Ferreira de Moura. Após consultas via rádio, eles descobriram que Rony Helisson já tinha passagens pela polícia (veja box abaixo). Os dois então saíram do carro para serem revistados, mas neste momento Bin Laden empreendeu fuga. Um dos agentes saiu atrás dele chegando a efetuar dois disparos de arma de fogo para que o foragido parasse, o que só aconteceu quando ele tropeçou, já em um matagal, e acabou algemado.
Após ser detido, Bin Laden acabou confessando que era foragido da justiça e que por isso estava fazendo uso de documento falso. Afirmou, ainda, que estava portando alta quantia em dentro do carro. Em revista foram encontrados, debaixo dos bancos do passageiro e do motorista, R$ 149.207, que seria proveniente ainda do assalto à Prosegur. O preso alegou que estava indo para Goiânia, onde pretendia residir e que havia saído de Araguaína, no Tocantins. No aparelho celular dele, os policiais verificaram diversas fotos de pilhas de dinheiro e de comprovantes de depósito de dinheiro. Em relação às imagens, ele declarou aos policiais que muitas pessoas o deviam uma vez que já foi traficante de drogas. Sobre o documento apreendido, afirmam os policiais rodoviários federais, Bin Laden declarou que o comprou de uma pessoa em Goiânia dois meses antes, pagando R$ 500 pela carteira.
Rony Helisson, por sua vez, afirmou ter recebido R$ 2 mil para transportar Bin Laden do Tocantins para Goiás e disse que já havia cumprido 11 meses de prisão em Anápolis por envolvimento com tráfico de drogas, tendo saído da cadeia em dezembro passado. Em sua mala foram apreendidos chips de telefone, lanternas, três comprovantes de depósito, R$ 4.298 e uma porção em droga. Ele assinou a um termo circunstanciado de ocorrência por consumo de droga e deverá retornar à cadeia por violação de liberdade condicional. Já Bin Laden, além do cumprimento do mandado de prisão por ser foragido, ainda foi confeccionado um procedimento por uso de documento falso.
RELEMBRE
O ataque à Prosegur aterrorizou o Núcleo Cidade Nova na madrugada do dia 5 de setembro, uma segunda-feira. Naquele dia, aproximadamente 20 homens isolaram o setor atravessando dois caminhões na Ponte do Rio Itacaiúnas e ateando fogo aos veículos, impedindo a passagem das forças policiais que são sediadas na Nova Marabá. Disparos de arma de fogo eram efetuados pelas ruas do bairro para evitar que as pessoas saíssem às ruas e o prédio da transportadora foi posto abaixo com bananas de dinamite que deram acesso ao cofre, de onde o dinheiro foi levado.
Recapturado foi indiciado por assalto à Prosegur
A Polícia Civil do Estado do Pará informou, por meio da assessoria de comunicação, nesta segunda-feira (6), que Antônio Rangel Duarte Lima, o Bin Laden, foi oficialmente indicado por participação no assalto à Prosegur e que o processo já está em andamento junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará. Ele foi preso quatro dias após o crime, em 9 de setembro, em Dom Eliseu, a 230 quilômetros de Marabá.
Na ocasião, além de investigado pelo crime à Prosegur, era foragido do Centro Regional de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama) e havia contra ele mandado de prisão expedido em decorrência de participação em um crime de extorsão mediante sequestro, contra um funcionário da agência do Bradesco da Folha 32, ocorrida no dia 12 de agosto, um mês antes. Duas outras pessoas, que eram vigilantes da Prosegur, foram presas pelo crime contra o banco na mesma semana.
A prisão foi realizada pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), da Polícia Civil, que investigou o ataque à Prosegur, e na residência onde ele estava foram apreendidos três fuzis AR15, um fuzil H47 e uma pistola ponto 40, além de objetos conhecidos como “miguelitos”, que são pregos entrelaçados em formato de cruz utilizados para furar pneus de viaturas ou de veículos a serem roubados, por exemplo. Também foram localizadas ferramentas, uniformes camuflados e bananas de dinamite, além de 120 tabletes de maconha e R$ 301 mil reais, parte do dinheiro roubado da empresa. Na ocasião, ele já respondia a processos por roubo a banco nos Estados do Pará, Maranhão e Tocantins.
Bin Laden havia sido condenado no Estado do Tocantins, mas havia sido transferido para o presídio de Marabá – de onde fugiu em novembro de 2015 – uma vez que a Lei de Execuções Penais permite que os presos cumpram pena próximo a familiares, que no caso dele vivem na cidade.
Motorista já participou de roubo a banco
Em outubro de 2013, Rony Hellison – que dirigia o veículo no qual Bin Laden estava – foi sentenciado na Comarca de Riachão, no Estado do Maranhão, por envolvimento em roubo a banco. Além dele, outros quatro homens também eram acusados de terem atacado a agência do Banco Bradesco em Feira Nova, no mesmo estado. Na situação, ele foi condenado por furto e porte ilegal de arma de fogo, senso absolvido da acusação de formação de quadrilha.
Rony Hellison foi condenado a oito anos e seis meses de reclusão que deveriam começar a ser cumpridos em regime inicialmente fechado. O crime aconteceu em fevereiro do mesmo ano, em uma madrugada na qual os homens teriam conseguido furtar R$ 76 mil após arrombarem, com dinamite, um caixa eletrônico da agência.
Com a explosão, moradores acordaram e visualizaram homens armados nas esquinas da rua em que o banco estava situado. Quatro deles acabaram presos, posteriormente, na zona rural de Estreito, no mesmo estado. Além desta condenação, ele já esteve preso por tráfico de drogas no Estado de Goiás.
Fotos: Divulgação/PRF
(Luciana Marschall)
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