“Ah… se a juventude que esta brisa canta, ficasse aqui comigo mais um pouco…” (Johnny Alf)
O tempo vai passando e eu vou notando o tanto mais de tempo que eu gostaria de ter para viver. Há quem se contente com o tempo vivido. Eu não! Quisera ter mil anos mais…
Tive aquelas fases de invisibilidade em que eu só queria me esconder do mundo. Meu céu estava escurecendo para não mostrar uma outra lágrima que insistia no canto do olho. Meu coração estava um balão prestes a estourar de tanto ar, mas um ar de sufoco entrecortado pelo soluço seco de um ser solitário, incompreendido, triste, sem esperança de melhoras ou de um fracassado sorriso. Qualquer palavra amiga, qualquer ombro oferecido, aumentava o agudo estridente e dolorido que saía do peito. Eram momentos que indicavam uma nova fase. Era a lua minguante escondida no céu escuro, pronta para ser nova outra vez!
Morei em Belo Horizonte por 10 anos! Como vendedor da Casa Guaxupé ( Casa do whisky), andei a pé por mais de 02 anos em muitos bairros do Barro Preto ao Cabana! Eram tempos difíceis, mas nada nunca foi fácil para mim. Nestas andanças, fui cabo eleitoral da Sandra Starling, Virgílio Guimarães. Bebi cerveja com Paulo Ricardo, Aécio Neves. Cantei com Milton Nascimento, Paulo Guedes e Fernando Brandt! Vivia em Ouro Preto, Congonhas, Mariana. Fui guia turístico e intérprete de grupos de viajantes estrangeiros. Tempos difíceis, mas saudosos. Eu cursava Letras na FALE da UFMG na Pampulha pela tarde. Trabalhava como subgerente do hotel Othon pela madrugada, como guia turístico pela manhã e estudava à tarde. Sobrava-me bem pouco tempo para dormir, por isto eu dormia nos ônibus quando ia para Ouro Preto ou para o trabalho. Mas, o que não faltava, era tempo para a diversão, barzinhos, músicas, viola e futebol. Que o digam meus amigos Beckhauser, Charles Lages, Zé Carlos, Marco Aurélio, Cavalcanti, Cidinha, Verinha, Suze, Zinha, Perli, dentre outros.
As campanhas políticas eram feitas no corpo a corpo. Com Aécio Neves era na base do copo a copo e outras “cositas mas”! Nas folgas ou férias, durante as campanhas, eu dava um pulo em Coronel Fabriciano, especificamente no Melo Viana, para ajudar meus amigos na eleição. Meu pai foi candidato a vereador uma vez, minha irmã em outro período. Sempre fomos bem recebidos por onde passávamos. Com a boa e velha receptividade mineira. Mesmo que eles não votassem no meu pai ou na minha irmã, diziam: “Ô bobo! Ele vai ganhar sim!” “Aqui… sua irmã é muito bonita! Vai ganhar, com certeza!” Não faltava o cafezinho com queijo ou a pinguinha com torresmo. As cutucadas na costela serviam para manter a prosa acesa. E era bobo pra lá, bobo pra cá, entrecortados por muitos “uai, sô”. Todos se respeitavam, se tratavam bem!
Ao vir para Parauapebas em 1988, custei a me adaptar. Fui candidato a vereador pelo PFL do Chico das Cortinas em 1992. Deixei de apoiar meu saudoso amigo, Dr. Bento, médico sorridente e contador de casos, para apoiar o Chico. Mas era tudo diferente das Minas Gerais. Que me desculpem os que se sentirem ofendidos, mas, quando visitei as casas dos eleitores, no lugar de me oferecerem cafezinho com queijo, faziam-me muitos pedidos de cesta básica, cimento, dinheiro. Em vez de sorrisos e de desejos de vitória e sucesso, as caras eram de tristeza, de rancor, de suspeita, de falta de esperança nas falas do candidato rico que ali estava. Mas havia respeito! Pois é… Eu fui rico uma vez… Tinha 02 hotéis em Carajás e mais de 50 funcionários.
O Chico ganhou, eu perdi. Tive 78 votos! Fiquei na suplência. O Chico me traiu. Pus muito dinheiro na campanha dele. Ele me virou as costas. Ele levou para o lado dele pessoas que pouco o ajudaram ou que nada fizeram por ele. Minha filha de 02 anos morreu afogada na piscina de minha casa. Morri também. Muito se perdeu.
E vieram outras eleições. E meu candidato, Darci, loirin, ganhou. Trabalhei 08 anos com ele. Sempre fiel e leal, enquanto as cobras o rondavam. Mas ele as preferiu! Quando ele foi
candidato de novo, trabalhei como advogado na campanha do Valmir. Conversei com o loirin. Ele me virou as costas. Não falo mais com ele.
Agora está pior. Dois grupos que agem com radicalidade, afastam os amigos, as famílias. Falta respeito. Não percamos a humanidade. Não importa se votemos em Jair ou Haddad! O que importa é que mantenhamos nossos laços, o respeito. Amanhã eles serão aliados na política suja, rirão de nós que teremos perdido nossas amizades!
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