Num dia desses de dezembro, um pequeno número de jovens iniciou pela madrugada uma grande batalha. Munidos de algumas bandeiras, poucas lonas, alguma alimentação, acamparam nas terras sagradas da Reforma Agrária, em Palmares, dentro da parcela de Dona Gení, combatente das causas do povo desde antes que alguns desses jovens tivessem sonhado em nascer. Levantaram os paus, bandeiras e barracos de um acampamento as margens da Ferrovia Ferro Carajás, que corta de modo cruel vasta extensão do território que liga Parauapebas no Pará ao litoral do Maranhão. Os jovens poderiam acampar em qualquer lugar, mas o Pequeno Exército de sonhadores resolveu fincar suas bandeiras, as proximidades dos trilhos que ceifaram de modo violento a vida de Juarez em 2006, e Joaquim Madeira, em outubro de 2011. Era um recado de que, esses jovens, não esquecem por gerações que se ponham a vir, aqueles de seu povo que foram brutalmente mortos pela ganancia do capital.
Logo o Dragão de Ferro reagiu. As rádios e jornais, a mando do dragão, difamaram as causas que se expressavam pelo acampamento. O dragão mobilizou seus serviçais e traidores e prometeu pão e mel para aqueles que se ajoelhassem frente sua estátua de ferro, bronze, manganês, ouro e vastos minerais paridos do ventre de nossa pátria. Por que luta o Pequeno Exército? Luta para que seus irmãos – mesmo os que ainda, sem consciência não percebam a opressão que os amarra – tenham vida com dignidade. Para que tenham, meio a tanta riqueza , o direito sagrado de escapar da pobreza. Por quem luta o Pequeno Exército? Por todos aqueles que sem emprego, sem renda, sem habitação, sem saúde, sem direitos incham os bairros periféricos da capital do minério. Luta contra quem o Pequeno Exército? Contra o Dragão de Ferro, que aqui tem nome de Vale, e que se atormenta contra um pequeno exército que acampado, e que deu a si, o nome de Acampamento de Resistencia dos Atingidos pela Mineração JOAQUIM MADEIRA.
Quanto tempo vai durar essa luta desigual? Não sabemos. Começou dia 8 de Dezembro e não tem tempo de acabar, até que o Dragão sinta todas as dores já sentidas por nosso povo. Até que o pequeno exército, seja o exercito de todo o povo, na luta contra o Dragão do Capital. O acampamento espera por novos e velhos combatentes de todas as regiões, de todas as religiões, de todas as facções. São todos bem vindos! O combate já começou e esperamos que você não fique do lado do Dragão. Nessa luta “todas as armas são validas…paus, pedras e poemas.”
Nenhum passo atrás!
Acampamento JOAQUIM MADEIRA
Palmares, 10 de Dezembro de 2014
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