O Brasil já confirmou 2.369 casos de sarampo em 2020. Os números, compilados até o dia 17 de abril, vêm crescendo desde o começo do ano. De janeiro até o início de fevereiro, eram 338 casos em nove estados e, até o início de março, 909 casos, também em nove estados. Agora, já são 19 os estados com circulação ativa do vírus, segundo o Ministério da Saúde. O Pará é o que mais concentra notificações, com 970 casos (40,9% do total), seguido por São Paulo, com 532 casos, e Rio de Janeiro, com 515 casos.
Neste ano, até o momento, foram registradas quatro mortes por sarampo – uma no Rio, duas no Pará e uma em São Paulo. O Brasil vive um surto de sarampo desde o ano passado, quando foram confirmados mais de 18 mil casos da doença, a maioria em São Paulo. O aumento de notificações em 2019, porém, ocorreu só no segundo semestre, a partir de junho até meados de agosto, quando houve o pico de notificações. Antes, em março, por exemplo, o país registrava menos de 50 casos da doença.
Para Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e de Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, referência regional da OMS para a doença, o número atual é preocupante, mas é preciso levar em consideração o contexto. “Em 2019, começamos o ano com casos isolados na região Norte e, só em março, tivemos o primeiro caso em São Paulo, cidade que tem uma grande capilaridade e que levou ao espalhamento do vírus pelo país todo. Daí a diferença grande de número de casos no mesmo período de 2019 e 2020. Em 2020, começamos o ano com muitos casos já em São Paulo”, explica Marilda. “Isso não faz com que os números atuais não sejam preocupantes, principalmente numa situação em que a vigilância de saúde está fragilizada pelo impacto da pandemia de coronavírus. A população precisa estar atenta. É preciso levar os filhos para serem vacinados”.
O Ministério da Saúde encerrou a última campanha nacional de vacinação contra o sarampo em março passado. Se a meta da etapa final era vacinar 3 milhões de pessoas (entre 5 e 19 anos), no derradeiro dia da campanha, porém, apenas 156 mil pessoas estavam vacinadas. Em nota, a pasta informou que “o Brasil ultrapassou a meta de cobertura vacinal da tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), em 2019”, “melhor dos últimos cinco anos, embora oito estados e o Distrito Federal não tenham atingido a meta mínima, que é de 95%”.
COBERTURA
Segundo o ministério, cerca de 10 milhões de pessoas deixaram de ser vacinadas em 2019 – o Rio de Janeiro teve a menor cobertura, e São Paulo também teve índice considerado baixo. Em 2020, a pasta divulgou que enviou aos estados 3,9 milhões de doses da vacina tríplice viral, que protege do sarampo, rubéola e caxumba. Ainda de acordo com o ministério, o número de doses enviadas é 9% acima do que foi pedido pelos estados.
O infectologista e professor da UFRJ Edimilson Migowski reforça que a vacinação é a principal forma de se conter a doença e alerta para que haja um reforço nas estratégias de imunização. O sarampo é altamente contagioso (“Uma pessoa infectada pode contaminar até 18 pessoas”, diz), e, se a criança não é levada ao posto de saúde para a vacinação, “é o agente de saúde comunitário quem vai de casa em casa realizar esse trabalho”. As equipes de saúde na família, no entanto, vêm sendo reduzidas desde o ano passado.
Autor: Agência O Globo
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