Semana passada eu escrevi sobre os fenômenos de mídia instantânea, mais especificamente, os grupos de Whatsapp. No texto, eu tentei dar meu ponto de vista sobre o uso, muitas vezes, indiscriminado, desta fantástica ferramenta de socialização. Discorri sobre o (mal) uso político que vem sendo feito dela aqui em nossa cidade e busquei trazer alguns esclarecimentos a quem se interessou em ler o texto.
Hoje, eu sigo nessa linha, mas dessa vez, falarei dos “especialistas políticos de Whatsapp”. Os caras que têm opinião sobre tudo, sem realmente entender de nada.
Antes de começar, eu peço que você leia o texto abaixo com calma, depois LEIA NOVAMENTE e seja sincero com você: VOCÊ ENTENDEU o que escrevi sobre aquele monte de números?
Não precisa responder pra mim, nem pra ninguém, mas eu sempre digo: minta pra quem você quiser, menos pra você mesmo.
Se você entendeu o que eu tratei no texto, então você pode discutir esse assunto; se não, amigo, me desculpe, mas você é um mero papagaio de pirata, repetindo palavras que gosta, sem ter a MENOR IDEIA do que elas tratam.
Outro aviso: o texto é antigo. Está no meu Facebook desde meados de 2017; o assunto que eu escolhi foi um que TODO MUNDO, de algum modo, deu opinião na época. As “PEDALADAS FISCAIS” que afastaram a Presidente Dilma. Eu escolhi esse tema, porque como todo mundo teve opinião a respeito, contra ou a favor, todos devem se identificar. Entào, vamos ao texto:
Nos grupos de Whatsapp e Facebok, o que mais se vê são os especialistas em política. Pensa num povo que sabe de tudo um pouco e um pouco de tudo. Mas… como eu SEMPRE DIGO: “ter opinião não é o mesmo que ter argumento”. Parece fácil, parece que é muito simples opinar, mas política NÃO É APENAS OPINIÃO; É TÉCNICA E CIÊNCIA também.
Nada contra quem opina, desde que se compreenda o contexto da sua participação no debate. Opinar é importante, mas não é suficiente. É preciso conhecer, é preciso se qualificar, é preciso esforço, enfim. É necessário conhecer os vários lados da questão debatida, o porque dessa ou daquela posição, procurar conhecer TODOS os lados da questão em debate.
Exemplo? Vez ou outra pipocam na imprensa, algumas notícias sobre as ações do governo federal no campo orçamentário, daí as plataformas sociais ficam quentes, um intenso debate se instaura. Mas quem só opina, no entanto, não faz idéia de quantas conexões podem existir entre o que ocorre com certa ação de hoje e outras ações de ontem que renderam importantes inflexões na vida pública do país.
Em Julho de 2016, o Procurador da República Ivan Cláudio Marx, responsável pelo procedimento criminal aberto no MPF-DF para apurar denúncia do TCU contra 17 autoridades do governo Federal, concluiu que NÃO HOUVE descumprimento da lei Complementar 101/2000.
Ainda assim, o país foi sacudido. O argumento foi que a Presidência da República descumpriu a LRF ao abrir créditos suplementares e comprometer a meta fiscal inscrita na LDO. Eis que surgem as hoje famosas “pedaladas fiscais”.
Auditoria do Senado Federal atestou, inclusive, que os decretos de suplementação compensavam o reforço de umas dotações com o cancelamento de outras. Aliás, não poderia ser diferente, dado que art. 43, §1º, inciso III, da Lei 4.320/1964 determina expressamente compensação contábil na movimentação orçamentária. Assim não há comprometimento da meta fiscal, dado que o efeito da suplementação é meramente orçamentário.
Ainda assim, consórcios políticos que hoje sabemos serem extremamente influentes, detonaram uma espécie de roda viva. De lá pra cá, apesar de pouquíssimo tempo, experimentamos de quase tudo um pouco: prisões por corrupção de membros dos consórcios; perda de seus mandatos eletivos; malas de dinheiro circulando às vistas públicas; etc… Mas, como política NÃO É APENAS OPINIÃO, é técnica e ciência também, ainda resta outro descalabro: As suplementações em 2014 e 2015 foram feitas dentro da mesma unidade de custo orçamentário. A saber, 20.129.
Agora, diante da vista de todos, a nova presidência da república, Michel Temer, já sob o controle dos consórcios políticos provocadores do impeachment, publica novos créditos suplementares. O mais recente, curiosíssimo: PLN 8/2017!
Suplementando:
06.181.2081.2586.0001 – R$102.385.511,00
Cancelando:
12.364.2080.20KG.0001 – R$10.385.51
12.368.2080.20RJ.0001 – R$24.000.000
12.368.2080.213M.0001 – R$4.000.000
12.368.2080.214V.0001 – R$64.000.000
Se você, meu amigo, não tem a menor idéia do que significam esses códigos e, se eles não te dizem nada de objetivo, me desculpe. Mas você PRECISA MESMO entender que política NÃO É APENAS OPINIÃO; É TÉCNICA E CIÊNCIA também. Saiba, portanto, que as pessoas que se qualificam técnica e cientificamente, têm verdadeiro desespero quando acompanham certos debates. Sem ofensa.
Parece fácil, parece que é muito simples opinar, mas política NÃO É APENAS OPINIÃO, é TÉCNICA E CIÊNCIA também.
Este texto não tem (hoje) a intenção de defender ou acusar ninguém. É meramente um exemplo e um pequeno teste para saber se você leitor, SABE DO QUE FALA quando resolve falar sobre política.
E então: nos debates, você dá opinião ou usa um argumento?
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