Os bons e velhos ditados populares quase sempre funcionam, no entanto, esta história de que os opostos se atraem não é interpretada da forma correta!
Se Maria gosta de praia, detesta cinema e tem pavor de cachorros, como poderá se relacionar com João que tem alergia à água salgada do mar, adora cães e é amante de séries e filmes? Certamente não vai dar certo. Do mesmo jeito que não pode dar certo se alguém encontrar a tão esperada “alma gêmea”, a metade da laranja. Deus me livre de eu encontrar alguém como eu! Só vai ter porrada!
Os opostos se atraem sim! Claro! Para brigar! Eles sentem atração por murros, pontapés, xingamentos. É muito fácil encontrar opostos abraçados! Mas querendo se matar! Pode separar que vai dar merda! Da mesma forma que aquela pessoa grudenta que concorda com tudo que a outra quer, que aceita tudo calada, uma sonsa, sem sal e sem açúcar! É melhor amar na porrada que naquela paz pachorra, monótona!
As pessoas se atraem por serem inteiras, por terem opiniões próprias e por respeitarem as opiniões alheias. E por abrirem mão de alguns desejos, deixando o orgulho de lado para satisfazer a pessoa amada. Mas é preciso deixar claro que o faz para agradar e receber um agrado em troca. Isto sim, nos atrai, nos leva a amar e sermos felizes. A atração vem com a reciprocidade. Doar-se de mais é cansativo, desgastante!
Eu tive uma namorada que aceitava tudo que eu fazia e queria fazer. No começo foi ótimo. Aonde eu ia ela estava junto, alegre, falante. Se eu tomava um porre, ela tomava também. Se eu discutia com alguém, tinha de segurá-la, pois ela já queria partir para a voadeira. Íamos a um restaurante eu perguntava o que ela queria comer e ela respondia que o que eu quisesse estava bom. Nas horas íntimas, era o jeito que eu fazia o caramelado que era gostoso. Isto foi ficando chato! Eu queria alguém que me questionasse, que me mostrasse um outro lado, que pedisse peixe se eu pedisse carne para almoçar. Queria alguém que gostasse de filme de ação para eu mudar minha rotina de filme de suspense! O namoro acabou em dois meses! Às vezes eu a vejo por aí, sempre sorridente, com aquela cara de paz e paciência que mete medo. Dá vontade de bater até ela mostrar uma cara de raiva ou de tristeza. Verdade… Nunca vi, nos dois meses de namoro, uma cara de tristeza ou de raiva naquela namorada.
Também já tive mulher marrenta, de temperamento forte. Pensa num relacionamento conturbado. Durou pouco mais de um mês. E achei foi muito! Eu não podia atrasar um minuto. Se o fizesse, ela chamava um táxi e saía. Se eu passasse do limite na bebida, ela pegava o copo e tocava na parede. Fosse onde fosse. Passei vergonha com umas amigas que me cumprimentaram com beijinhos e abraços. A marrenta veio braba e perguntando quem eram as “piriguetes”. A gota dágua foi quando ela me viu abraçada com uma garota branquinha na praça. A marrenta já chegou chegando:
– Você não toma jeito, mesmo, seu galinha duma figa. Não pode ver um rabo de saia que já vai se aninhando nas asas da galinha!
Aí eu disse que não era o que ela estava pensando, que aquela garota era minha filha. Sabe o que a marrenta fez?
– Filha coisa nenhuma, seu fdp! Você não vale nada, cachorro, galinha!
E saiu dando aqueles risos de pessoa que fez besteira mas não dá o braço a torcer diante da burrada que cometeu! Eu sei que ela se arrependeu. Na hora que eu disse filha, ela deve ter se lembrado das fotos de minhas filhas e a reconhecido. Mas não voltou nas atitudes. Eu ainda fiquei com aquela filha de Belzebu com Pitbull do capeta mais umas duas vezes! A peste é muito bonita! E sabe fazer o “caqueado” que é só dela. Vejo-a por aí de vez em quando. Continua marrenta, continua bonita…
Creio que é preciso namorar, paquerar para achar a pessoa certa. Daí para um relacionamento mais duradouro, há que se buscar o equilíbrio na turbulência; o doce na amargura; o amor na desavença. Quando ambos cedem em prol de um bem maior que é o amor, mesmo tendo pensamentos distintos e opiniões contrárias, então estas pessoas são as almas certas para o romance perfeito!
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