De 2017 para cá, uma onda de suicídios aconteceu em Parauapebas, a maioria deles cometida por adolescentes. Segundo dados do Ministério da Saúde (2017), a maioria dos suicídios é cometida por homens, e acima de 70 anos. Ainda, segundo o Ministério da Saúde, o estado com o maior número de suicidas é o Rio Grande do Sul, um dos estados com as melhores condições de vida do país. Os adolescentes são os que menos se suicidam. E os números vêm aumentando a cada ano, numa média de 12%. Um dado assustador: no mundo, suicídio mata mais que homicídio e mortes por desastres e acidentes.
Mas, o que leva as pessoas a cometerem este ato tão abominável? Tirar a própria vida? Dentre as principais causas do suicídio estão a depressão, problemas conjugais e no relacionamento, solidão, abuso de drogas, bullying e problemas financeiros. O suicida crê que não tem saída, falta-lhe coragem para enfrentar o medo da derrota. Num ato de desespero, de fraqueza, de achar que não vale a pena continuar, mata-se!
Pesquisas recentes apontam a falta de relacionamento presencial, do toque, da afetividade corporal como causadores da depressão e da vontade de cometer suicídio. Esta falta de contato físico advém do abusivo uso da tecnologia, internet e redes sociais. Os pais creem que os filhos estão mais seguros dentro da sala ou do quarto usando os celulares, tablets e computadores, do que brincando com os amigos e colegas. Mesmo as conversas entre pais e filhos, cara a cara, olho no olho, estão diminuindo e sendo substituídas por frases curtas ou imagens enviadas pelas redes sociais. A família se reúne na sala e tem como rivais a tv, os smartphones e a internet.
Maria Helena Marzabal Paulino, que é integrante da Associação Brasileira de Terapia Familiar (ABRATEF), aponta que “uma criança na faixa de 04 a 06 anos está iniciando o seu processo de socialização; para isso, ela precisa ter contato presencial com outras crianças. Ela precisa ter uma atividade psicomotora para se desenvolver bem do ponto de vista físico. Ela não pode ficar presa à atividade virtual. Há necessidade da criança de brincar, se socializar; de ter uma relação afetiva de toque. O virtual desenvolve alguns aspectos positivos dela, como os intelectuais, porém empobrece os relacionamentos sociais”. No entanto, para “distrair” a criança, ficar livre dos problemas, os pais dão tablets para elas! E elas já os utilizam melhor que os próprios pais. Vejo, com frequência, pais perguntando aos filhos menores de 10 anos de idade, como utilizar certas ferramentas nos celulares e tablets.
Como professor, incentivo os alunos a usarem os celulares em pesquisas. Interessante é que eles não os usam para tal fim. E relutam em fazê-lo para não gastarem a internet. A tão avançada e sonhada tecnologia não está sendo usada com propriedade. Antes do uso generalizado da internet, na hora do intervalo ou quando faltava professor, os alunos iam para a quadra
jogar volley, bater papo, até mesmo ler um livro, estudar. Agora não! Eles ficam pelos corredores ou nas salas, com cabeças baixas e olhos fixos nos aparelhos celulares. A postura curvada e estranha difere da postura ereta dos jovens de antes. Festa de formatura do ensino médio? Nunca mais vi! Bons os tempos dos anos de 1990 ao início dos anos 2000. Era tanta festa de formatura, tantos encontros nas quadras, conversas nos bares que não eu não dava conta!
É preciso resgatar estes momentos. É preciso mais contato, mais conversas pessoais. Muitas famílias não aceitam que seus membros utilizem celulares nos momentos de jantar, almoço ou encontros festivos. Nestas famílias, não existem suicidas. Se existirem, são raros! Os casais saem para restaurantes e não aproveitam os momentos juntos. Insistem em ficar lá, de olhos fixos nos celulares. Já viram o tanto que isto acontece?
Claro, o uso abusivo da tecnologia não é a única razão das pessoas cometerem suicídio. Mas é um forte indício que algo não vai bem. O calor do aparelho eletrônico não é o mesmo do corpo humano. Para ligar o celular é só conectá-lo à tomada. Para aquecer o relacionamento humano é preciso bem mais que uma simples carga elétrica. É preciso fazer bater o coração com mais força, é preciso o arrepio da pele, o brilho do olhar, a beleza do sorriso.
Evite o suicídio do seu relacionamento, de sua emoção, de sua alegria. Procure observar seu amigo, parente, colega. Se notar que ele está arredio, triste, isolado, fale com ele, aproxime-se. Um olhar, um sorriso ou mesmo um abraço afetuoso é tudo que ele precisa para não desistir de viver.
É preciso coragem para enfrentar o medo da derrota, daquilo que você pressupõe ser invencível. Suicídio não é a solução. É a descrença no próprio ser!
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