Muito bacana a realização do 7° Festival de Música de Parauapebas (Fempa). A presença do público nas três noites revelou que quando o espetáculo é bom haverá sempre uma plateia cativa. Em outras palavras, a cidade não é só arrocha e sertanejo (universitário ou não); há um público desejoso de boas alvíssaras, além daquela coisa sacal de se rimar amor e dor, que permeia quase que 100% da música atual.
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Pode-se discutir os resultados, afinal, festival é assim mesmo, haverá sempre quem julgue que determinada canção merecia estar entre as finalistas, ou até mesmo ganhar a competição, porém, não se pode jamais – sob pena de se cometer uma tremenda injustiça – escurecer que o nível foi muito alto, o que causou uma tremenda dor de cabeça para os jurados. Essa coisa de insatisfação, também conhecida como dor de cotovelo se conhece desde os primeiros festivais, haja visto que em 1968, no festival da TV Record, a música Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim, interpretada pelo Quarteto em Cy e consagrada como a grande campeã, foi impiedosamente vaiada pela maioria do público que torcia pela vitória de Disparada, do Vandré, interpretada por Jair Rodrigues. Nos tempos mais modernos, já nos festivais da Globo Lucinha Lins também foi apupada e quase não conseguiu cantar a música Purpurina.
Lembro-me que no início dos anos 80, os festivais de música de Carajás faziam a alegria das poucas famílias que residiam no N5 e a imensa maioria de peões que abarrotava os alojamentos das empresas prestadoras de serviços do projeto.
Para espanto geral, numa época em que Júlio Iglesias dominava nove entre 10 toca-fitas, apareceram muitas canções bonitas nos festivais. Sidney Valença (Por causa dela), Carlos Alberto (Feijão na Lenha), Jorginho Magalhães (Desperta) davam o tom, e modestamente, a minha música (Água Corrente) também se destacou. As dez melhores viraram um long play que os mais antigos ainda guardam com carinho.
Para não fugir à regra, quem ganhou o festival foi uma música denominada Carajás. A canção era sofrível, mas o autor trazia o mérito de berrar a plenos pulmões que Carajás era uma mina de ferro e que iria melhorar o Brasil e essas coisas do gênero. O rapaz convenceu os jurados e levou o grande premio. Fazer o quê?
Nos festivais de Marabá tinha muito disso. Os candidatos já sabiam. O negócio era falar das belezas do Tocantins, dos encantos do Itacaiunas. Durante muito tempo isso funcionou, até que o festival se ampliou e vieram candidatos de fora e nunca mais os marabaenses ganharam festivais. Descobriram um pouco tarde que era preciso mais do que isso para fazer uma música merecedora da consagração.
Com as contradições tão inerentes em criações artísticas, o 7° Fempa foi bom demais e os organizadores são dignos dos melhores elogios, principalmente o secretário Fernando Veras. O show de encerramento com Geraldinho Azevedo, então, foi a cereja do bolo.
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