A primeira reunião temática da Comissão Permanente de Educação e Cultura (CEC) da Câmara Municipal de Parauapebas foi realizada nesta quinta-feira (20), para debater sobre a proposta do governo municipal de criação da Fundação Municipal de Cultura e Turismo de Parauapebas (Funcult).
A mesa diretiva da reunião foi formada pelo presidente da CEC, Alex Ohana; presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, Sadisvan Pereira; presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, Francisco Eloecio; pela secretária-adjunta de Cultura, Josy Leal; a representante do Conselho Municipal de Cultura, Rebeca Valquíria; e pelo representante da Secretaria de Turismo, Judson Gomes.
No início dos trabalhos, Ohana explicou que o Executivo enviou projeto de lei tratando da criação da Funcult, mas a proposição foi devolvida para adequações e posteriormente retornará ao Legislativo para ser votada. Uma subcomissão foi formada, com membros dos conselhos do Turismo e da Cultura, e da Câmara, para elaborar um relatório com melhorias.
“Este é o canal para todos vocês terem vez e voz, para se manifestar, se enxergarem dentro deste processo de criação da fundação. Como vereador e presidente da CEC, é meu dever abrir este canal, buscando a melhor maneira de atender a todos”, destacou o parlamentar.
A secretária-adjunta de Cultura informou que o Executivo está aberto ao diálogo. “É muito importante que todos os segmentos estejam reunidos, para que a gente possa ouvi-los e saber o que cada um almeja e nós estamos aqui para contribuir de forma legal e moral”, ressaltou Josy Leal.
A representante do Conselho de Cultura parabenizou a CEC pela iniciativa de debater sobre o projeto com a população. “Ouvir a comunidade é de suma importância para construir algo que se consolide em políticas públicas que cheguem de fato na ponta. Unir a Cultura e o Turismo é algo novo, é complexo e desafiador, então é importante a gente conversar para construir algo sólido”, avaliou Rebeca Walquíria.
O representante da secretaria de Turismo também elogiou a iniciativa de ampliar o debate sobre a criação da Funcult. “A fundação é promissora, mas realmente é preciso ter cautela, para que se faça dentro da lei e que ela venha a produzir resultados positivos, tanto para a Cultura quanto para o Turismo”, alertou Judson Gomes.
Dúvidas
Durante a reunião, representantes de diversos segmentos culturais e turísticos do município utilizaram a tribuna para opinar sobre a implantação da Funcult e tirar dúvidas sobre o funcionamento do órgão. Alguns ativistas culturais demonstraram receio da possibilidade de extinção das secretarias de Cultura e de Turismo.
Sandra Santos, do Centro Mulheres de Barro, relatou que a notícia da criação de uma fundação preocupa o setor, devido às incertezas quanto às políticas já implementadas no município. “Há 14 anos, a gente vem construindo a duras penas uma política pública de cultura para Parauapebas. A gente precisa saber, efetivamente, como a fundação vai fazer a política pública para a comunidade cultural e para a comunidade turística da cidade”, questionou.
O produtor Ivan Oliveira, da Casalab, defendeu a criação da fundação sem a extinção da Secult e da Semtur. “A criação da Fundação não pode anular o que já foi construído, que é a Secretaria de Cultura e a Secretaria de Turismo. Na minha opinião, ela deve vir para somar como uma ferramenta para o desenvolvimento da política cultural e turística do município”, defendeu.
No mesmo sentido, o Mestre Clodoaldo Souza, do grupo Raízes Parauara, também saiu em defesa da manutenção da Secult. “A criação da fundação é uma boa, só acredito que ela não deveria anular a Secretaria de Cultura, que a fundação venha como um instrumento que possa levar e garantir acesso da população e fruição da cultura do município”.
Sugestões
Propostas e sugestões para o funcionamento da Funcult também foram apresentadas. Mestre Sibita, da Associação de Desenvolvimento Esportivo, Educacional e Cultural de Parauapebas (Asdecap), enfatizou a necessidade de fortalecer a cultura no município e enxergá-la como meio para promoção e geração de emprego e renda, valorizando e capacitando os fazedores de cultura local.
“A gente vê a supervalorização dos artistas de fora e o artista local fica com as migalhas. Então, precisamos do olhar do Poder Público para o agente cultural daqui, aquele cara que faz a cultura lá na ponta, nas periferias, onde o governo não chega. Ele tem que ser fomentado”, destacou.
Daniel Pereira, representante dos garçons de eventos particulares e corporativos, falou da carência de cursos profissionalizantes para a categoria e em todo o setor de Turismo. “Nossa classe é esquecida, quero pedir a vocês que olhem para os garçons que são fundamentais para a realização de eventos”.
Fabílson Barros, empreendedor da área do Turismo, pediu apoio aos pequenos empresários na abertura de seus negócios e sugeriu que haja mais divulgação dos locais de cultura da cidade. No mesmo sentido, a jornalista Karine Gomes propôs a implantação de uma diretoria de marketing, na estrutura da Funcult.
“Em vez de termos uma gerência de promoção e eventos, vamos ter uma diretoria de marketing, para vender a imagem do município na parte da cultura, do turismo e também para pensar nos eventos estratégicos do município”, sugeriu a jornalista.
Os participantes elogiaram a Comissão por realizar a reunião para ouvir a população. Tamanda Alves, da União Paraense dos Estudantes Secundaristas (UPES), ressaltou que “é de extrema importância que os fazedores de cultura se sintam fazendo parte dessa construção. Que possamos ir juntos, todos que se preocupam em fazer uma Parauapebas melhor”, concluiu.
O relatório que está sendo elaborado pelos conselhos e a CEC, com as sugestões, será enviado para o Poder Executivo, a fim de que faça as devidas alterações no projeto de lei que cria a Funcult.
Texto: Nayara Cristina e Josiane Quintino / Fotos: Dione Gastão
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