Há quem diga que os índios são preguiçosos ao observar seu estilo de vida, simples, despojado e sem posses.
Mas não é que eles o sejam, apenas se incluem como parte da natureza. Aliás somos parte dela. Mas a soberba e a falta de sensibilidade nos afastam das origens da criação.
Enquanto o indígena se levanta e sai à caça trazendo o suficiente para alimentar a família por no máximo 3 dias, fazemos a ‘farra da matança’ pondo em risco diversas espécies.
O indígena desfruta da sombra e dos frutos da castanheira por várias gerações; nós a cortamos e vendemos a um preço qualquer. Os índios pescam o suficiente para a alimentação, nós capturamos cardumes inteiros.
O que nos faz pensar que precisamos de grandes rebanhos bovinos provoca a destruição de densas florestas, e depois padecemos com as mudanças climáticas e ainda nos fazemos de vítimas ou desentendidos.
A caminhada da humanidade na terra tem sido interrompida por suas ações, porém apenas contada com uma simbologia religiosa e ignorada. Na Torre de Babel; em Sodoma e Gomorra; e no Dilúvio Universal, respectivamente, tivemos exemplos claros disso.
Mas agora o problema vem de forma diferente, mas provocado pela mesma força: o mau uso das reservas naturais.
Todos sabemos que precisamos de árvores, para nos trazer sombra, ar puro, frutos e sementes. Mas não vemos, exceto em campanhas, as pessoas plantarem. Já imaginou se ao invés de um animal de estimação, cada pessoa tivesse uma árvore e dela cuidasse?!
Pois é. O imediatismo nos faz covardes e ladrões.
Isso mesmo.
Acovardamos ao não praticar o que já sabemos, por ouvir e sentir.
Roubamos dos nossos filhos, netos e sequência sucessiva o direito de conhecer um animal que extinguimos, o sabor de uma castanha do Pará, o conforto de uma sombra.
Lemos, ouvimos e assistimos todos os dias sobre a escassez de água, a miséria tomando continentes, os desastres ambientais. E mesmo assim fazemos ‘ouvido de mercador’, passamos adiante como se nunca fosse acometido de tais problemas.
Os antepassados erravam por não saber. Nós, pela ganância.
Vivemos como se amanhã a terra não mais produzisse; como se amanhã fossemos embora às pressas. Por isso saqueamos o que conseguimos em uma vida de 60 anos.
A impressão que se tem é que não deixaremos aqui pessoas que amamos. Como se os que virão depois de nós mereçam ser severamente castigados. Por isso destruímos o que encontramos pela frente, como se nada quiséssemos para eles deixar.
Não deixemos que o ‘progresso’ nos retroceda. Que a ganância nos cegue. A pressa nos atrase. A coragem nos amedronte. Nem que a covardia nos mate.
Podemos ainda, mesmo que como o beija flor apagando um incêndio, recuperar o que destruímos. Plantar o que arrancamos. E reintegrar na natureza. Somos apenas uma das muitas espécies animais e não inimigos das demais.
Que em nossa ‘racionalidade’ aprendamos com eles a usar sem destruir.
Isso é possível. Basta nos reinserir como parte da natureza e deixarmos de nos sentir donos ou consumidores.
A terra é nossa casa, deixemo-la sempre pronta para receber quem nela chega.
É para ela que voltaremos.
Sempre.
(Francesco Costa)
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