Segundo a Detran, o número de motoristas mulheres que exercem atividade remunerada cresceu 17,54% na comparação entre os anos de 2019 e 2021. O contingente de mulheres paulistas que incluíram a observação “Exerce Atividade Remunerada” (EAR) na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) passou de 1.023.237, em 2019, para 1.202.747, em 2021. O total é o maior dos últimos cinco anos.
Essa realidade também está presente nas ruas de outros estados brasileiros. A paranaense Rosemeira Martins, 56 anos, é um exemplo. Ela transformou o transporte de passageiros no seu trabalho diário, cumprindo horário e mantendo uma rotina constante, durante toda a semana. E ela não se contenta enquanto não completa o número esperado de corridas por dia e busca sempre estar na melhor categoria do aplicativo. “Comecei a trabalhar dirigindo antes mesmo do aplicativo. Após o falecimento do meu marido, há 13 anos, eu assumi os negócios, peguei o caminhão de pequeno porte e comecei a entregar produtos de alimentação em toda a cidade. Trabalhava todo dia, de segunda a sábado. No início tinha medo de dirigir, mas a necessidade me forçou a ir atrás do meu sustento e do meu trabalho”, conta.
Após alguns anos, Rose, como é conhecida, estimulada pela irmã e com a ajuda dos filhos, decidiu transportar pessoas. “Lembro que depois da primeira corrida eu tremia muito, de nervosa. As duas primeiras passageiras foram mulheres, o que deixou a situação um pouco mais tranquila. Mas logo me acostumei; é comum ouvir dos homens que dirijo muito bem e todos se espantam quando sabem que já conduzi caminhão”, comenta.
Outro levantamento, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), revela que o Brasil contava com 25,8 milhões de motoristas mulheres até março de 2021, o equivalente a 35% do total de CNHs válidas no país.
O diretor da Perkons, Luiz Gustavo Campos, comenta que a presença feminina no mercado de transporte de pessoas leva também a uma visão amplificada sobre a importância da segurança nas ruas e vias. Segundo ele, uma pesquisa realizada pela Abeetrans, em 2019, mostra que as mulheres aprovam mais o controle de velocidade e isso contribui para um trânsito mais seguro. “83,9% das mulheres entrevistadas, entre pedestres e condutoras, aprovam o uso de radares para controle da velocidade, diante de 74,3% do público masculino”, explica. “Isso traduz muito do que estamos vendo nesses últimos anos, com o crescimento do número de mulheres que encaram o trânsito como trabalho e buscam ter um lugar seguro para isso”, ressalta.
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