A questão alimentar tem sido um lamento para algumas mães e sofrimento para seus filhos!
Nem toda restrição alimentar tem como base a Disfunção de Processamento Sensorial (DPS). Porém, muitas crianças que têm esta disfunção passam anos de estresse por não serem compreendidas na sua real causa de restrição alimentar. Infelizmente, muitos profissionais ainda se negam a olhar pelo campo sensorial.
Podemos considerar que há uma série de fatores que influenciam na prática alimentar, dentre eles: as relações parentais, preferências pessoais, condições de saúde, fase de vida, hábitos familiares e contexto sócio-cultural.
Mas desta vez irei abordar sobre o trabalho com crianças que apresentam dificuldades em processar as sensações do seu próprio corpo e do ambiente, e que, devido a isto, apresentam seletividade a alimentos e muitas vezes recusam em alimentar-se.
Em primeiro lugar é preciso olhar todo o comportamento da criança para levantar se existem outros dados de alteração no processamento sensorial. Por isso é importante uma avaliação criteriosa com um profissional especializado. É importante os pais aprenderem a observar os dados relevantes do comportamento do seu filho e valorizar a integração dos sentidos nas ações cotidianas.
Esta disfunção de origem neurológica pode afetar o desenvolvimento de muitas crianças prejudicando o seguimento das etapas do desenvolvimento infantil, aprendizagem acadêmica e relacionamento social.
Qualquer criança, jovem e adulto pode apresentar estas dificuldades. Há uma tendência genética por ser comum a existência em mais de um membro da família.
É frequente também encontrar a DPS associada a bebês prematuros, crianças do espectro autista, com síndromes genéticas e naquelas onde ocorreu algum dano cerebral.
De maneira geral há alguns pontos principais no comportamento da criança que interessam saber para fazer um mapeamento do dia-a-dia:
-se a criança responde de maneira exagerada a sons, movimentos, estímulos visuais, toque corporal, texturas, temperaturas e sabores. Se evita situações do dia, ambientes, pessoas, objetos, alimentos e certas brincadeiras.
– ou pelo contrário há uma resposta diminuída aos estímulos sensoriais havendo uma busca incessante por alguns destes estímulos demonstrando ter um comportamento diferente de outras crianças. Inclusive com pouca resposta a dor.
– se há problemas na organização e sequência do movimento intencional, ou atraso na coordenação motora ampla e fina
– se há dificuldades de atenção e memória
– se há atraso na linguagem.
– se há sintomas de medo, ansiedade e insegurança.
Havendo estes sintomas associados ao quadro de restrição alimentar provavelmente a criança se beneficiará com um programa de terapia ocupacional com abordagem na integração sensorial, além de outros profissionais que forem necessários de acordo com a história e comprometimento de cada um..
Lembretes:
1- antes de tudo, tente compreender as aversões e preferências de seu filho. Elas irão mostrar o caminho de se construir uma boa relação. Pergunte a terapeuta do seu filho. Leia sobre Integração Sensorial.
Funciona muito bem quando cada um faz o exercício consigo, ou seja, perceba as suas próprias preferências sensoriais, suas reações frente a demanda do meio, os horários e disposições diferentes no decorrer do dia.
2- todo comportamento quer dizer algo sobre a pessoa. Entenda que a recusa alimentar em crianças com sintomas de DPS não é birra. É impossibilidade em processar algum tipo de textura, volume, quantidade e/ou temperatura dos alimentos. Além disso, a percepção de saciedade também é uma habilidade de base sensorial e difere muito para cada criança.
3- nunca force a criança a aceitar algo aversivo a ela. Entenda que a modulação e a discriminação das sensações muitas vezes estão alteradas. O que para um pode ser um prazer para outros pode ser um terror.
4-o quadro de DPS pode se modificar mediante tratamento e pela adequação de hábitos no cotidiano.
Fonte: http://terapiaocupacional-bethprado.blogspot.com.br
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