Uma pesquisa realizada pelo Instituto Igarapé em parceria com a ONG Visão Mundial, revelou dados sobre a percepção de crianças e adolescentes acerca da violência.
Segundo as informações divulgadas na pesquisa, o Brasil figura na nada honrada segunda colocação entre os países do mundo com o maior número de homicídios contra adolescentes.
De acordo com dados da Unicef, 28 crianças e adolescentes morrem por dia no país por causa de situações de violência. Estes adolescentes são em sua maioria meninos, negros, pobres e moradores das periferias e áreas metropolitanas das grandes cidades.
Para comparação, a taxa de homicídio entre adolescentes negros é quase 4 vezes maior do que aquela entre os brancos. Ainda segundo o estudo, a falta de informações sobre como a violência afeta a vida de crianças e adolescentes, dificulta as ações e desenvolvimento de políticas públicas de apoio e prevenção a violência.
Relacionada com estes dados, a pesquisa foi realizada entre setembro de 2015 e março de 2016, e foi executada com o auxílio de um aplicativo desenvolvido pelo Instituto Igarapé, denominado Índice de Segurança da Criança. Através da participação do público neste aplicativo, foi possível perceber que crianças e adolescentes pesquisados não tem noção do alto nível de insegurança, acreditando em sua maioria que a violência vivenciada é normal.
A pesquisa revelou que quanto maior a idade, maior a percepção de violência e não foram encontradas diferenças de percepção representativas entre meninos e meninas. A casa é o ambiente onde crianças e adolescentes se sentem mais seguros e cerca de 40% referiram não se sentir seguros na comunidade ou escolas onde estudam A pesquisa mostra ainda que crianças e adolescentes na faixa de 0 a 18 anos de idade representam 31,3% da população brasileira. Entretanto, o país é o segundo no mundo em número de assassinatos de adolescentes, atrás somente da Nigéria.
Para o Conselheiro Aladir Mariga, o meio em que as crianças vivem acaba “naturalizando” a violência e por isso muitas delas acaba reproduzindo isso como algo natural. “As Instituições têm o papel de desnaturalizar essa violência e identificar as causas e a finalidade dela enquanto sociedade. Ocorre que as Instituições que deveriam zelar pelas vítimas acabam por se apresentar aos olhos da população em geral como ineficazes e estéreis. Isso tem uma consequência trágica do ponto de vista do imaginário não só dos adultos, mas de crianças e adolescentes que também já sabem dizer e entender muito bem o ditado de cunho popular: “a isso não dá nada” ressalta o Conselheiro.
Segundo os conselheiros essas manifestações deixam claro que crianças e adolescentes percebem, só não manifestam como um adulto, mas tem a percepção do quanto a sua vida é permeada de vários tipos de violência.
(Com informações do Instituto Igarapé)
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