Hospital de Clínicas Gaspar Vianna e Hospital Metropolitano investem em ações de enfrentamento à sobrecarga emocional
O Dia Nacional de Combate ao Estresse, celebrado nesta quarta-feira (23), alerta para a necessidade de redobrar os cuidados com a saúde mental, principalmente neste período de pandemia. Servidores da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém, e do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, contam com serviços psicológicos que ajudam a lidar com a sobrecarga emocional.
Daniele Silvana Oliveira, técnica de laboratório no HC, fala sobre a evolução no tratamento contra a ansiedade desenvolvida no início de abril, devido à necessidade de isolamento social: “Eu sentia muito medo por morar apenas com meu marido. Nós dois tivemos Covid-19 no mesmo dia, e ainda tive pneumonia”.
A profissional procurou o Serviço de Psicologia Organizacional e do Trabalho (Spot), que oferece escuta terapêutica, acolhimento emergencial e até visita domiciliar. “Tive algumas crises e venho com a psicóloga há cerca de um mês. Foi o serviço ideal, além do psiquiatra. Venho para as sessões e estou me sentindo bem melhor. Saí daquela angústia”, diz Daniele.
O Spot iniciou com uma escuta terapêutica há cerca de dez anos, no Hospital de Clínicas, referência em saúde mental. Há cerca de cinco anos foi reestruturado, passando a oferece também acolhimento emergencial, grupo focal nos setores e até mesmo visita domiciliar. Voltado para a saúde mental do trabalhador, atende cerca de 260 pessoas por ano, entre servidores e familiares. “Não só pelos atendimentos do Hospital que geram uma extrema carga emocional, por se trabalhar na Psiquiatria, por exemplo, aspectos ansiosos são gerados lá. Damos esse auxílio emocional para amenizar e trazer um alívio para esse estresse próprio do trabalho”, explica a psicóloga Luana Fonseca.
Problemas conjugais, relacionamento entre chefias e colegas de trabalho, e crises financeiras são outras questões que também provocam problemas emocionais, além dos adoecimentos por depressão e ansiedade. “Com a pandemia, tivemos uma elevação da demanda de ansiedade desde o início de março. As pessoas referem medo de reinfecção ou de infecção. O protocolo é de cinco sessões, mas dependendo do nível, encaminhamos também para o psiquiatra”, informa Luana.
Estresse crônico – A Síndrome de Burnout é outra patologia provocada pelo estresse crônico no trabalho, e se caracteriza em três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal, as quais implicam em consequências físicas, psíquicas e sociais.
Entre os sintomas estão distúrbios do sono, fadiga, dor de cabeça e problemas cardiovasculares. Dificuldade na atenção e na memória, lentidão no pensamento, sentimento de solidão, baixa autoestima, desânimo, depressão e impaciência, além de irritabilidade e agressividade, também podem se manifestar em função da Síndrome.
Durante 75 dias o Hospital Metropolitano ofereceu atendimento em Unidade de Terapia Intensiva para pacientes de Covid-19. Nesse período, foram atendidos 184 pacientes com o novo coronavírus, que contaram com o auxílio de quase 100 funcionários, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e serviços gerais.
Para prevenir a Síndrome de Burnout, a unidade criou o Projeto AcolhePsi, como forma de prover suporte emocional e apoio psicológico aos profissionais da linha de frente, priorizando o cuidado com a saúde mental. A psicóloga Carlena Alho explica que a doença ocorre quando a exaustão em relação ao trabalho é completa – física e mental. “No projeto, o colaborador é escutado e acolhido com intuito de promover a saúde mental e intervir em questões que possam prejudicar sua qualidade de vida e profissional”, ressalta.
Equilíbrio emocional – Rose Monteiro, coordenadora de Gestão de Pessoas e do Núcleo de Educação Permanente, destaca que os funcionários precisam exercer suas atividades com equilíbrio emocional, para garantir assistência com qualidade e segurança aos usuários. “Com tantas informações, medos, inseguranças, precisamos dar suporte e ajudar uns aos outros”, frisa Rose Monteiro.
No HC também foram identificadas situações de Síndrome de Burnout. “Era uma enorme responsabilidade ter de lidar com pessoas em estado de Covid-19, que não se sabia bem como lidar. Muita gente acabou entrando em crise pela sobrecarga”, relata Luana Fonseca.
Para minimizar os riscos é preciso uma autoavaliação sobre a saúde geral e o nível de cansaço. “Fazer esses questionamentos pode ajudar a pessoa a refletir se está bem. Caso não esteja, é preciso procurar ajuda profissional”, aconselha a psicóloga.
A profissional ressalta a importância da organização no trabalho, que inclui disciplina com o horário e o estabelecimento de prioridades. “A organização do tempo é o ideal para evitar uma sobrecarga e ajustar para ocupar os outros horários da vida com atividades saudáveis, como exercícios físicos, leitura, tempo de qualidade com a família ou amigos”, orienta Luana Fonseca.
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