Os últimos dias não tem sido fáceis. Eu, que tenho lá as minhas crises, recebi em meus braços e ouvi atentamente vários relatos de solidão, medo e princípios de depressão. Pessoas queridas que não se encontravam em seus mundos e se afundavam nos seus medos sem perceber que de perto ninguém é feliz.
Mas quem me chamou atenção foi uma amiga de 16 anos, que me mandou uma foto, com a legenda: “MDS que tristeza”. Já não era a sua primeira confissão de amargura e eu, de mãos atadas, só pude perguntar o que havia em si para fazê-la imergir em tanta tristeza. Minha amiga querida não soube a resposta.
Quando perguntei se a dor era na alma, ela respondeu: “vai ver que sim”. Em quantos pedacinhos a gente se quebra todos os dias? Como encarar a vida com a alma em frangalhos seguidas vezes? Até onde vai qualquer resistência do existir e beleza em acreditar? Eu não sei. E quem, de verdade, sabe?
Minha amiga tinha mãos atadas, pés descalços no asfalto quente, um medo do desconhecido inerente a própria existência. Eu nunca a entendi bem. Nem ela se entende tão bem e o que mais me dói é que ninguém parece se importar. Quem tem tempo para a dor de quem?
A vida não é só sentir a brisa do acaso, nem viver pelas arestas do destino, entre os meandros da alegria… A vida, pra valer, é bem pior e a gente precisa aprender a não criar expectativas sobre nada.
Ouvi com a minha amiga uma canção chamada “Um dia após o outro” e, sem perceber, entendemos que o milagre do recomeçar é a grande dádiva que a vida tem para cada um. A gente, em pedacinhos, acabou entendendo que ainda havia tanto e tudo pela frente. E a gente se emocionou e riu ao entender que a felicidade, como diria a Mallu, está entre os microssegundos. A gente tem todo o tempo do mundo para perceber que sempre é tempo para ser feliz, mas é preciso compreender que a felicidade passa e o amargor de quando a alma dói, sempre vem.
Ninguém é feliz por inteiro e quanto menor for a expectativa, mais chances para se ter paz.
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