Vejam as fotos com as respostas dos alunos sobre tipos de redação!
Leciono Português para 06 turmas de 3º ano do ensino médio, num total de 165 alunos. 64 ficaram de recuperação! O aluno tem que alcançar a média 5.0 em 10.0 para ser aprovado. Eu distribuo 5.0 em forma de provas e avaliações e 5.0 o aluno ganha para ir para as aulas e fazer as tarefas que são pedidas uma vez por semana. E mesmo assim, com 5.0 pontos para ir para as aulas e fazer tarefas, eles não conseguem a média!
As provas bimestrais eu posto na internet antes de serem aplicadas, o aluno pode consultar livros e cadernos. O conteúdo da prova é estudado, visto e revisto em sala de aula. Só a prova de recuperação que é sem consulta. O assunto é explicado através de vários exemplos, a velha pergunta “alguma dúvida” é feita inúmeras vezes. O aluno não pergunta e a aula prossegue!
A maioria dos alunos dizem “eu sorro”, no lugar de “eu sorrio”; dizem “ela é menas bonita”, no lugar de MENOS bonita; “enfregar” e o certo é esfregar; “conzinha” ao invés de cozinha; escrevem DERREPENTE junto, e o correto é DE REPENTE, não sabem diferenciar o MAIS DE MAS, e as mulheres nunca aprendem que devem dizer OBRIGADA e não OBRIGADO! E por aí vai…
A culpa é do aluno, pois sempre existem horários vagos, por motivo de falta de professores ou outro motivo qualquer. No meu tempo de ensino médio, raramente faltavam professores, e quando isto acontecia, havia monitores escolhidos dentre os próprios alunos, que ministravam as aulas. Fico rouco de tanto pedir que os alunos façam o mesmo, mas eles preferem ficar nos corredores batendo papo, nas salas jogando baralho ou aos celulares nas redes sociais. Desde o início das aulas, pergunto, em todas as aulas, quais os assuntos principais na mídia nacional e internacional. É essencial que o aluno esteja por dentro das notícias para fazer a redação do ENEM, mas, infelizmente, eles nunca sabem das manchetes do dia. Coloquei no quadro um verso: “ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo o heroico brado retumbante”. Perguntei se alguém sabia a que se referia este verso. Uma aluna, Jéssica, deu um sorriso sarcástico e disse que eu estava debochando dos alunos e menosprezando a capacidade deles, num tom de reprovação e indignação. Pedi silêncio. Escolhi um aluno e perguntei se ele sabia a qual texto pertencia o verso. Ele não soube responder. Jéssica se calou!
Foi-se o tempo em que o aluno queria aula. Hoje, quando não há aulas (e isto sempre acontece) o aluno faz festa. A culpa é da família sim! Os pais passam pela escola só para deixar o filho no portão. Quando entram na escola, é para assinar alguma ocorrência ou para receber o boletim com a notícia da recuperação ou reprovação do filho. Cadê a família para ir protestar pela falta de aulas e professores? Para acompanhar o rendimento dos alunos, a capacitação dos professores, a atuação dos diretores? E os alunos? Por que não exigem a reposição das aulas? Por que não criam grupos de estudo durante os horários vagos?
A falta de disciplina gera o caos. Basta um click no google para confirmar que as escolas com um regime disciplinar rígido, que aplicam punições severas aos infratores, estão no topo do ranking da educação. Basta ver o resultado dos alunos no Enem oriundos das escolas militares. Estão no topo! A insegurança produz o medo. O aluno agride o professor, o pai do aluno ameaça
o professor, o Estado nada faz para mudar a situação. As drogas invadem o espaço escolar, os bandidos assaltam às claras os alunos dentro da escola! (semana passada um larápio entrou no pátio da escola onde trabalho e assaltou uma aluna!)
Por outro lado, o governo não oferece condições para capacitar o professor. Se o professor quiser fazer um mestrado, tem que sair da cidade, arcar com os custos e enfrentar a burocracia impeditiva das secretarias de educação para ser liberado para tal fim. Como estudar, ser capacitado, tentar um doutorado se a carga horária que o professor tem o impede de se aperfeiçoar? Não vou nem falar dos salários baixos. Ninguém dá atenção ao fato. Os professores, resignados, não se unem para lutar pelos seus direitos. Quando há greves, eles não participam dos movimentos, preferem ir para o campo, para a praia ou ficar em casa descansando. Caem no ostracismo!
Não me acho um ótimo professor, apesar dos muitos elogios nas redes sociais sobre minha atuação. As críticas são poucas, e as prefiro, pois me corrigem. Mas não me considero um professor ruim. Esforço-me. Entre berros e afagos, tento produzir um aluno nota mil! Ano passado cheguei perto. Uma minha tirou 900 e a outra 940 na redação do Enem! Vou continuar, vou acreditar que posso mudar este quadro. Se eu não conseguir, ficarei em paz com minha consciência, na certeza de ter feito o meu melhor!
E você, caro estudante? Sabe qual é o assunto em destaque na mídia hoje?
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