Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Pará deve registrar 820 novos casos de câncer do colo do útero, 260 só na capital, até o fim de 2016. A estimativa faz parte do relatório de incidência da doença no Brasil. Ano passado, o Estado registrou 311 mortes por esse tipo de câncer, o que mais mata entre mulheres, mas a doença é 100% evitada se for tratada a tempo. Por isso o Governo do Estado trabalha para estimular as mulheres a fazer o preventivo todos os anos.
Criado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) no ano passado para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer do colo do útero, o Núcleo de Apoio à Gestão na Atenção à Mulher no Controle do Câncer do Colo do Útero e Mama (Nagam) atua também na conscientização da rede municipal de saúde de Redenção, Conceição do Araguaia, Cametá, Altamira e Breves. O foco é um: apontar a importância do preventivo.
A recomendação do Ministério da Saúde é que todas as mulheres de 25 a 64 anos façam parte do atendimento de saúde básica dos municípios e o exame preventivo do câncer do colo do útero anualmente. Os exames feitos nos municípios pelas unidades de saúde são encaminhados ao Laboratório Central do Estado (Lacen), em Belém. Referência estadual em exames que revelam lesões de colo do útero, o Lacen é o único laboratório público do Brasil que, desde 2014, trabalha com o método de coleta líquida, em vez das tradicionais lâminas, o que proporciona uma análise bem mais precisa das células. “As células são imersas no metanol e um aparelho específico filtra o material colhido. Fazendo pelo método tradicional, existe a chance de dar um falso negativo, o que raramente acontece com esse método líquido”, explica a citologista Ana Nizia Aragão.
O Lacen atua há 40 anos em um serviço efetivo de prevenção do câncer de colo do útero. No ano de 2015, foram recolhidas 21.591 lâminas de 43 municípios do Estado. Portel, no Marajó, e Igarapé-Açu, no nordeste paraense, com 2.316 e 1.476 amostras, respectivamente, foram as localidades com maior número de lâminas enviadas. Do total do Estado, 1.142 apresentaram algum tipo de alteração, o que corresponde a 5,3% de atuação na prevenção do câncer. O percentual está dentro do exigido pelo Ministério da Saúde, que é de 5%. “Isso mostra que o Estado faz a cobertura de todos esses 43 municípios do Pará, mas precisamos contar com o empenho dos profissionais de saúde dos municípios para fazer a colheita e envio do material”, reforça a citologista.
Depois da análise dos exames, o Laboratório Central encaminha os resultados aos municípios de origem, onde eles são avaliados por profissionais de saúde. No caso de alguma alteração no material, a mulher é encaminhada à Unidade de Referência Materno-Infantil (Uremia), que funciona na Avenida Alcindo Cacela, em Belém, onde faz a colposcopia, biópsia e, quando necessário, o tratamento imediato, que é o EZT (Exérese de Zona de Transformação do Colo Uterino). Se as células cancerígenas estiverem em estágio avançado, a mulher é encaminhada ao Hospital Ophir Loyola para o tratamento mais específico.
Em 2015, 276 mulheres fizeram tratamento para o câncer não se desenvolver. É feita uma cirurgia para a retirada da área afetada. O tratamento dura de um a dois anos, com 90% de cura. Os 10% restantes são decorrentes de negligência durante o tratamento. “O problema no Estado é que a mulher chega tardiamente às unidades de saúde. Elas só procuram atendimento quando estão sangrando, ou seja, quando já estão com o câncer invasor, que evolui durante sete ou oito anos. O ideal seria que todas as mulheres fizessem a partir dos 25 anos o exame de Papanicolau anualmente”, diz a coordenadora do Nagam, Nazaré Falcão.
Fonte: Agência Pará
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