A Polícia Federal (PF) deu cumprimento na última terça-feira (4) ao mandando de reintegração de posse da área denominada Fazendinha, localizada na Rodovia PA-275, entre Parauapebas e Curionópolis. O cumprimento de reintegração de posse foi em favor da União e o fazendeiro, Darlon Lopes, foi notificado e informado que precisa sair imediatamente da área, que tem uma parte ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde 2010 e onde sempre houve atrito entre as partes. No ano passado, inclusive, fazendeiros bloquearam a rodovia em protesto pela ação dos acampados, que viriam causando danos à propriedade.
A notícia do cumprimento do mandando de reintegração de posse causou indignação em outros fazendeiros, que foram ao local prestar solidariedade ao colega, que já mora no local há mais de 17 anos. Segundo pessoas ligadas à família, a área foi ocupada há muito mais tempo pelo pai do fazendeiro, que foi um dos desbravadores da região. Desde quando a área foi ocupada pelos sem-terra eles tentam legalizar a propriedade e entraram com pedido de aquisição da área junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), mas o processo burocrático vem se arrastando por todo esse tempo.
“Primeiro o Incra falou que meu pai não se enquadrava dentro das exigências para ser beneficiado com área pública, depois mudou essa avaliação, mas os processos nunca avançaram e agora veio essa ordem judicial, da qual ainda cabe recurso”, informa um dos filhos do fazendeiro, que não quis se identificar. A área da fazenda tem 370 hectares, referente a 78 alqueires. Segundo integrantes da família, hoje existe mais de R$ 2 milhões investidos em benfeitorias na propriedade, que tem atualmente 500 cabeças de boi, gado de corte.
Eles, que pretendem lutar pela posse da terra, dizem que até concordam em deixar a propriedade, desde que os sem-terra também sejam retirados. “Se é uma reintegração de posse, então ela tem que ser total. Por que temos que sair e os sem-terra ficar?”, questiona um dos familiares. Além do mais, dizem que temem sair da área e ela ser toda depredada pelos acampados e depois a justiça decidir que eles têm direito a área. “Quem vai nos pagar esse prejuízo”, protestavam.
A área ocupada foi batizada de acampamento Frei Henri Burin des Roziers, que fica a poucos metros da sete da propriedade. Segundo os próprios fazendeiros, pelo tamanho da área, é inviável para a União criar um assentamento ali. De acordo com o empresário, Wender Saldanha, que é amigo da família, a forma como foi dado o cumprimento do mandado de reintegração de posse foi arbitrária.
“Ele [fazendeiro] há muito tempo que lida nessa terra, gastou dinheiro nela e agora simplesmente o governo vem e manda ele sair. Acho que esse tipo de caso teria que ter uma atenção diferente, porque ele está na terra e está produzindo”, afirma, frisando que no Brasil se vive uma inversão de valores, onde quem produz é que precisa sair da terra, em prol de quem não produz nada.
Em solidariedade ao fazendeiro, outros colegas avisaram que vão ficar acampados na propriedade até que os advogados consigam uma alternativa jurídica para tentar reverter a decisão da Justiça Federal de Brasília. Eles montaram uma tenda e ali vão ficar até que uma decisão seja tomada.
(Tina Santos)
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