Encontrada apenas nos campos rupestres ferruginosos da Floresta Nacional de Carajás, Unidade de Conservação (UC) com mais de 400 mil hectares, a Flor de Carajás é considerada uma espécie rara. Em 2022, quando da implantação do projeto paisagístico do Parque dos Ipês, uma muda da flor foi doada ao Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap), pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e, para a surpresa de muitos, mesmo fora do seu habitat natural, a planta floresceu.
“Para nossa grata surpresa, os exemplares da Flor de Carajás plantados na área do setor administrativo do parque, que a princípio pareciam não se adaptar ao novo ambiente, apresentaram um desenvolvimento vigoroso e finalmente, após dois anos do plantio, colocaram suas primeiras flores. O feito nos deixa muito orgulhosos, já que a espécie tende a se desenvolver plenamente apenas no seu habitat natural”, comemora Maria Zanandréa Nascimento, analista ambiental e supervisora do Setor de Licenciamento e Monitoramento do Prosap.

A flor é uma espécie endêmica, principalmente, em razão do tipo de solo encontrado na Floresta de Carajás. “Nós a plantamos aqui embaixo, que é um solo diferente, sem muita expectativa de que ela se desenvolvesse. No entanto, ela cresceu e até florou, por isso, nossa tamanha felicidade”, finaliza Maria Zanandréa.
Parceria
A doação da Ipomoea cavalcantei, nome científico da Flor de Carajás, ocorreu juntamente com outras espécies exóticas como as bromélias, as orquídeas e as helicônias, o que foi possível a partir da parceria firmada entre o programa de saneamento ambiental, o ICMBio e a mineradora Vale. Ao todo, o Prosap recebeu 300 mudas de espécies nativas da Flona Carajás.
A flor desabrocha entre os meses de janeiro e maio, período de chuvas nesta região. Para Ilmara Ribeiro, técnica em agropecuária da prefeitura e responsável pelo paisagismo das obras do programa de saneamento ambiental, quando a equipe começou a planejar o paisagismo do parque, logo surgiu a ideia de trazer algumas espécies nativas como a planta, para que se pudesse ampliar a possibilidade de conhecimento por parte da população local. “Hoje ela é a nossa princesinha do parque, não apenas porque é uma espécie em risco de extinção, mas também por ser um exemplar muito importante para a biodiversidade da nossa floresta”, comenta.
Texto: Nara Moura / Fotos: Chico Souza
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