População LGBT tem risco aumentado para diversos problemas de saúde mental, incluindo dependência química
O uso de substâncias psicoativas, as chamadas “drogas”, vem desde a Antiguidade, com diversos registros de utilização de substâncias como o álcool, o ópio, a maconha, entre outras, em rituais religiosos, medicinais ou até mesmo para recreação.
Hoje já existem estudos em que se mostram possíveis efeitos benéficos de uso de drogas – sejam elas lícitas (como o vinho, por exemplo, que em doses pequenas poderia trazer benefícios cardiovasculares) ou ilícitas (há toda uma área de pesquisa – a medicina psicodélica – que utiliza substâncias ilícitas no Brasil – como o MDMA, o chá de ayahuasca e outros alucinógenos – em estudos para tratamento de diversos transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Então, quando é que o uso de uma droga – lícita ou não – se torna problemático? Alguns vão dizer que não há quantidade segura para ingestão de qualquer droga. E, de certa forma, isso é verdade: não é possível precisar a quantidade de droga que pode trazer problemas a uma pessoa, isso é completamente individual. Por azar e uma predisposição pessoal, um único uso de cocaína, por exemplo, pode fazer com que você tenha um infarto.
Então a solução seria que as pessoas não usassem nenhuma droga, correto? Sim, mas seria uma solução utópica. Apenas dizer para as pessoas “não usem drogas” não parece uma estratégia que tenha dado certo ao longo do tempo (já foi tentada de diversas formas por várias entidades/instituições). Seja em busca do prazer, como forma de lidar com angústias ou mesmo para tratar sintomas (não se esqueçam de que algumas medicações também são substâncias psicoativas), o uso existe e ignorar esse fato não ajuda a entender e a lidar com ele.
População LGBT tem risco aumentado para diversos problemas de saúde mental, incluindo dependência química
O uso de substâncias psicoativas, as chamadas “drogas”, vem desde a Antiguidade, com diversos registros de utilização de substâncias como o álcool, o ópio, a maconha, entre outras, em rituais religiosos, medicinais ou até mesmo para recreação.Hoje já existem estudos em que se mostram possíveis efeitos benéficos de uso de drogas – sejam elas lícitas (como o vinho, por exemplo, que em doses pequenas poderia trazer benefícios cardiovasculares) ou ilícitas (há toda uma área de pesquisa – a medicina psicodélica – que utiliza substâncias ilícitas no Brasil – como o MDMA, o chá de ayahuasca e outros alucinógenos – em estudos para tratamento de diversos transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Então, quando é que o uso de uma droga – lícita ou não – se torna problemático? Alguns vão dizer que não há quantidade segura para ingestão de qualquer droga. E, de certa forma, isso é verdade: não é possível precisar a quantidade de droga que pode trazer problemas a uma pessoa, isso é completamente individual. Por azar e uma predisposição pessoal, um único uso de cocaína, por exemplo, pode fazer com que você tenha um infarto.
Então a solução seria que as pessoas não usassem nenhuma droga, correto? Sim, mas seria uma solução utópica. Apenas dizer para as pessoas “não usem drogas” não parece uma estratégia que tenha dado certo ao longo do tempo (já foi tentada de diversas formas por várias entidades/instituições). Seja em busca do prazer, como forma de lidar com angústias ou mesmo para tratar sintomas (não se esqueçam de que algumas medicações também são substâncias psicoativas), o uso existe e ignorar esse fato não ajuda a entender e a lidar com ele.
Tirando a questão legal da jogada, pois estamos focados na saúde mental (e deixando claro que esse texto não é uma apologia ao uso de drogas), na maioria das vezes, o maior problema no uso de qualquer substância não é exatamente apenas o uso em si, sua quantidade e/ou frequência (apesar de isso ser sim um dado a ser levado em conta), mas a relação que a pessoa mantém com a droga.
Quando há o uso recreativo e controlado de qualquer droga, com redução das potenciais situações danosas ao indivíduo, isso parece, de uma forma geral, trazer muito menos problemas do que o uso descontrolado e excessivo da mesma substância. Quando se cria uma situação em que a pessoa fica dependente de uma droga e/ou se expõe a riscos, físicos e mentais, a relação já não é mais saudável.
Então, faz muita diferença se a pessoa toma alguns drinks durante o fim de semana para se divertir com os amigos ou se o faz ao longo do dia para conseguir realizar suas atividades; se usa remédios para dormir prescritos pelo psiquiatra por um curto período de tempo ou se toma quantidades maiores que a prescrita todos os dias por anos sem supervisão médica, porque não consegue ficar sem; se faz uso de cocaína eventualmente em alguma festa ou se cheira no banheiro do trabalho para aumentar a produtividade.
Os motivos para abuso e dependência de drogas são diversos e individuais e cada caso deve ser sempre particularizado. Na comunidade LGBT, podemos pensar em algumas “causas” possíveis: uma forma de lidar com a angústia, com a ansiedade de aceitação e exposição de sua orientação sexual/identidade de gênero; um meio de ter uma sensação de pertencimento a um grupo; uma estratégia para enfrentar as consequências das violências sofridas decorrentes de ser LGBT; entre outras.
Alguns dados preocupam: a população LGBT tem risco aumentado para diversos problemas de saúde mental, incluindo o uso e dependência de substâncias. Uma pesquisa realizada nos EUA em 2015 mostrou que adultos definidos como “minorias sexuais” tinham mais que o dobro de chance de ter usado algum tipo de droga ilícita no último ano.
E isso não é exatamente uma surpresa para quem convive no meio LGBT. O uso de vários tipos de drogas é comum em festas, mas não só nesses ambientes. Também se utilizam drogas para emagrecimento e anabolizantes em busca do corpo perfeito e uma foto boa pro Instagram, ou drogas para aproveitar orgias sexuais com vários parceiros e com duração prolongada (o chamado chemsex), entre outras situações em que o uso de drogas não só é banalizado como incentivado.
O abuso e dependência de drogas tornou-se um grave problema de saúde pública na atualidade e é preciso que se pense sobre suas causas e consequências. Medidas que não contemplem redução de danos e atendimentos psicoterapêuticos, com individualização do paciente, parecem ineficientes, assim como autoritárias. É fundamental que a pessoa entenda o risco a que se submete para tomar a decisão de o que, quando e quanto usar, e isso só pode acontecer com acesso à informação e ausência de preconceito e julgamento sobre o usuário por parte tanto da sociedade como dos profissionais de saúde.
e esse texto não é uma apologia ao uso de drogas), na maioria das vezes, o maior problema no uso de qualquer substância não é exatamente apenas o uso em si, sua quantidade e/ou frequência (apesar de isso ser sim um dado a ser levado em conta), mas a relação que a pessoa mantém com a droga.
Quando há o uso recreativo e controlado de qualquer droga, com redução das potenciais situações danosas ao indivíduo, isso parece, de uma forma geral, trazer muito menos problemas do que o uso descontrolado e excessivo da mesma substância. Quando se cria uma situação em que a pessoa fica dependente de uma droga e/ou se expõe a riscos, físicos e mentais, a relação já não é mais saudável.
Então, faz muita diferença se a pessoa toma alguns drinks durante o fim de semana para se divertir com os amigos ou se o faz ao longo do dia para conseguir realizar suas atividades; se usa remédios para dormir prescritos pelo psiquiatra por um curto período de tempo ou se toma quantidades maiores que a prescrita todos os dias por anos sem supervisão médica, porque não consegue ficar sem; se faz uso de cocaína eventualmente em alguma festa ou se cheira no banheiro do trabalho para aumentar a produtividade.
Os motivos para abuso e dependência de drogas são diversos e individuais e cada caso deve ser sempre particularizado. Na comunidade LGBT, podemos pensar em algumas “causas” possíveis: uma forma de lidar com a angústia, com a ansiedade de aceitação e exposição de sua orientação sexual/identidade de gênero; um meio de ter uma sensação de pertencimento a um grupo; uma estratégia para enfrentar as consequências das violências sofridas decorrentes de ser LGBT; entre outras.
Alguns dados preocupam: a população LGBT tem risco aumentado para diversos problemas de saúde mental, incluindo o uso e dependência de substâncias. Uma pesquisa realizada nos EUA em 2015 mostrou que adultos definidos como “minorias sexuais” tinham mais que o dobro de chance de ter usado algum tipo de droga ilícita no último ano.
E isso não é exatamente uma surpresa para quem convive no meio LGBT. O uso de vários tipos de drogas é comum em festas, mas não só nesses ambientes. Também se utilizam drogas para emagrecimento e anabolizantes em busca do corpo perfeito e uma foto boa pro Instagram, ou drogas para aproveitar orgias sexuais com vários parceiros e com duração prolongada (o chamado chemsex), entre outras situações em que o uso de drogas não só é banalizado como incentivado.
O abuso e dependência de drogas tornou-se um grave problema de saúde pública na atualidade e é preciso que se pense sobre suas causas e consequências. Medidas que não contemplem redução de danos e atendimentos psicoterapêuticos, com individualização do paciente, parecem ineficientes, assim como autoritárias. É fundamental que a pessoa entenda o risco a que se submete para tomar a decisão de o que, quando e quanto usar, e isso só pode acontecer com acesso à informação e ausência de preconceito e julgamento sobre o usuário por parte tanto da sociedade como dos profissionais de saúde.
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