Indígenas que representam pelos 10 povos originários protestaram, nesta terça-feira (20), contra projetos de exploração de terras por parte de setores da mineração. O ato ocorre na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Carregando faixas, os indígenas caminharam pela via S1, no sentido Rodoviária do Plano Piloto – Congresso Nacional. O grupo é contrário a um projeto de lei do governo federal que pretende legalizar a mineração nas terras. De acordo com a Polícia Militar não houve impacto no trânsito.
A manifestação ocorre um dia após a data que marca o Dia do Índio, nesta segunda-feira (19), quando também houve manifestação na Esplanada dos Ministérios.
Jorge Soares Martins, da etnia Guarani e Kaiowá, conta que representa cerca de 8 mil indígenas. Natural do Mato Grosso do Sul, ele veio para Brasília com os colegas para “repudiar atos que violem as terras, principalmente no que se diz respeito à mineração”.
“Fizemos um ato pacífico, em repúdio às leis que desrespeitam nossas terras”, disse.
Covid-19 nas aldeias
A manifestação começou por volta das 9h, no Museu Nacional e terminou às 12h, em frente ao Ministério da Justiça. Os indígenas também passaram pelos ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.
Além da demanda pelas terras, os indígenas reivindicaram melhores tratamentos de saúde e pediram atenção no combate à Covid-19 dentro das aldeias. Os participantes do movimento também pediram fiscalização no combate às invasões nos territórios.
Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), 1.038 índios foram vítimas do novo coronavírus no país e mais 52 mil, infectados.
Os manifestantes carregavam faixas com críticas à gestão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O G1 entrou em contato com a pasta federal, porém, não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Mineração em terra indígenas
Em 5 de fevereiro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou o projeto de lei 191/2020. A proposta regulamenta a mineração e a geração de energia elétrica em terras indígenas, que foi a principal crítica do protesto desta terça.
O texto ainda não foi analisado pelo Congresso Nacional, mas já é alvo de crítica pelos povos. A nova lei abre a possibilidade de as aldeias explorarem as terras em outras atividades econômicas, como agricultura e turismo. A exploração mineral e hídrica está prevista na Constituição Federal, mas nunca foi regulamentada.
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