Nos meus idos tempos de juventude, eu tinha certeza que podia mudar o mundo! E continuo tendo…
Meu primeiro emprego foi de vendedor de bebidas na Casa do Whisky, em 1980, em Belo Horizonte. Ah… como eu tinha ideias. Em 1983, depois de uns 6 meses desempregado, consegui um emprego de “Bell boy” no hotel Plaza em Belo Horizonte. Bell boy é o carregador de malas do hotel, menino de recados dos hóspedes e dos demais funcionários. Eu tinha que “rebolar” para aguentar as humilhações. Havia certas compensações, principalmente as gorjetas! Cursava Letras na UFMG. Trabalhei lá por seis meses! Dois meses trabalhei como Bell boy e quatro meses como recepcionista. Um dia, no intuito de ajudá-lo, neguei uma gratuidade numa suíte para um amigo da gerente e me demitiram! De lá fui para o hotel Othon, depois para o Hilton e, por fim, em 1988, para Carajás.
Comecei a perceber que era mais inteligente de minha parte ouvir e obedecer que falar e propor novas formas de trabalho. Os chefes acima de mim não gostavam de gente abelhuda. Uma vez, propus uma mudança na forma de elaborar arquivos, mas o fiz só para o gerente. Ele usou minha proposta como se dele fosse, foi elogiado pela diretoria e eleito como funcionário padrão naquele ano!
Nos anos 2000, as empresas, embaladas pela criatividade dos jovens do Vale do Silício, até que tentaram dar chances para que os mais novos alcançassem postos de direção com mais rapidez. Parece não ter funcionado. O que se vê, hoje, são empresas buscando pessoas com experiência, maduras e, por vezes, acima dos 60 anos para gerirem seus negócios. Eu mesmo fiz isto quando fui gestor de Recursos Humanos da prefeitura de Parauapebas. Deixei de contratar jovens recém saídos de faculdades de nutrição, educação física, administração, para contratar profissionais experientes, maduros!
Eis a grande questão: contratar jovens inexperientes e cheios de ideias, de gás, de força, de coragem, de beleza; arriscar com eles, ou contratar os profissionais maduros, que já experimentaram vitórias e derrotas, que sabem onde pisam, que são cautelosos, seguros, comedidos? O certo deveria ser aliar os dois. No entanto, o mercado nos mostra outra coisa. Mostra-nos POUCOS jovens ansiosos atrás de emprego, mas barrados por não terem experiência. Como tê-la sem trabalhar?
Mesmo que eu me veja, no passado, jovem, sonhador e com muita vontade de trabalhar, hoje, pensaria como meus antigos chefes se me fosse dada a oportunidade de contratar a garotada para cargos de chefia! É até contraditório, chega a ser paradoxal, pois, por mais que eu creia no potencial da juventude de hoje, não é fácil achar um que seja qualificado. Prova disto é o resultado medíocre da prova de redação do ENEM! No entanto, parece que nossos jovens ainda não foram contaminados pela corrupção, pela indiferença, pelo egoísmo, pela ganância daqueles que estão por aí, gerindo nosso país, nossas empresas! São eles, nossos jovens, que irão combater as mazelas que destroem nossa sociedade.
Como professor, convivo com eles, sei o que eles pensam. Eles vivem de forma eloquente, como se a vida fosse acabar agora, vivem o momento! A maioria, infelizmente, parece ter desistido de estudar, não participa das aulas, não questiona o professor, não crê num futuro melhor! Está presa à mediocridade da vida simplória da família, sem perspectiva de melhora, fadada a trabalhar nos subempregos de salário mínimo! Mas, quando são chamados a fazer algo sério, o fazem com maestria. Um pouco de orientação ajuda, afinal, eles ainda não passaram pelo que nós, maduros e tarimbados passamos!
Todavia, não seria egoísmo de nossa parte tirar deles estes momentos de alegria, de furor, de “curtição” da vida, de “carpe diem”, repassando-lhes responsabilidades prematuramente?
Vocês têm a força, a juventude, a beleza, o glamour, meus jovens!
O que vocês têm a dizer?
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