Já faz um certo tempo que é considerada a ideia de que as pessoas que ocasionalmente fumam maconha podem, em breve, se tornarem viciadas.
Agora, os cientistas afirmam ter chegado ao real motivo dessa questão. Segundo eles, a Cannabis sativa, a longo prazo, perturba determinados circuitos cerebrais, desencadeando desejos e dependências. Essa constatação foi feita a partir de um estudo que mostrou que parte do cérebro associada a recompensa, acendeu-se quando pessoas olhavam para imagens da droga ou itens associados. Segundo os pesquisadores, essa ideia marca a diferença entre usuários ocasionais e dependentes.
Ainda ilegal no Brasil, nos Estados Unidos ela é permitida em 25 estados, para fins recreativos ou medicinais. Apesar do crescente número de usuários, muitos cientistas consideravam que as evidências de vício por parte da maconha ainda eram escassas. Logo, em estudos recentes, pesquisadores sugeriram que ela pode impactar um circuito cerebral, conhecido como sistema de recompensa mesocorticolímbico, provocando desejos. Esse sistema controla uma outra região do cérebro que libera a dopamina – uma substância química associada ao prazer.
Para investigar a relação da maconha com danos ao sistema cerebral, os pesquisadores reuniram 59 adultos usuários e um grupo de 70 pessoas que não faziam uso da droga. À ambos os grupos eram mostradas imagens da maconha e itens relacionados. Em seguida, eram mostradas fotos de frutas que eles disseram gostar, tal como, banana, maçã, uvas ou laranjas. A equipe também recolheu um questionário a respeito do uso da droga e se acreditava que estavam sofrendo problemas em razão a isso. Muitos dos usuários afirmaram sofrer problemas familiares e de relacionamento.
Logo, os pesquisadores descobriram que, em média, as pessoas que usaram maconha tinham feito isso por pelo menos 12 anos. Usando exames de ressonância cerebral, eles descobriram que quando mostradas as imagens relacionadas a droga, como esperado, o circuito de recompensa do cérebro ficou ativo. Este não era o caso quando olhavam para as frutas. Para os não-usuários, isso acontecia exatamente ao contrário: as frutas estimulavam o circuito.
“Descobrimos que esta perturbação do sistema de recompensa se correlaciona com o número de problemas, como questões familiares, que os indivíduos têm por causa do uso de maconha”, disse a pesquisadora Dra. Francesca Filbey, da Escola de Ciência e Comportamento do Cérebro, da Universidade do Texas, em Dallas, EUA. “O uso contínuo, apesar desses problemas, é um indicador de dependência”, salientou.
A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas e publicado na revista Human
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