Jonair Souza França segue preso e à disposição da Justiça, após a polícia civil tê-lo identificado como mandante do crime de homicídio cometido contra a esposa, Andreia do Nascimento Brigido, de 30 anos. Ele foi detido no último domingo (25), após a prisão de João Batista Ferreira da Silva, apontado como participante da ação criminosa. Ele confessou ter recebido dinheiro de Jonair para ocultar o cadáver da moça, a qual desaparecida desde o dia 17 de dezembro, quando o marido registrou um boletim de ocorrência na seccional de Marabá.
A apuração do caso foi possível depois de análise de provas materiais, como filmagens de diversos pontos da cidade, e revelada durante coletiva de imprensa que aconteceu na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, nesta segunda-feira (26). De acordo com a delegada Raissa Beleboni, titular do Departamento de Homicídios, o caso passou a ser investigado também pela divisão após a confirmação de que o prendedor de cabelo que estava junto ao crânio encontrado na Folha 11, na última semana, pertencia a Andreia.
“Na sexta-feira, pela manhã, foram realizadas novas diligências. Primeiro, visando a identificação adequada e localização do responsável pela negociação da motocicleta”, confirmou. João Batista, que seria o suspeito, foi localizado e reconhecido ainda na sexta-feira (23), com o apoio da equipe do expediente da delegacia e de investigadores do departamento de homicídios. Foi identificada ainda a residência do acusado, na Folha 12, onde ele foi abordado pela polícia.
“Nas imediações da casa dele, em um fosso destinado à parte de fiação elétrica foi encontrado, parcialmente queimado, o documento de identidade de Andreia. Quando entramos na residência, com autorização dele, já visualizamos grande quantidade de manchas de sangue, sendo de imediato acionada a perícia para realização de análise de local de crime”, explicou.
RESTOS MORTAIS
Segundo a delegada, João Batista teria alegado que foi obrigado por duas pessoas não identificadas a fazer a ocultação dos fragmentos do corpo de Andreia, indicando em seguida dois dos locais onde eles poderiam ser encontrados. A polícia averiguou a informação e recolheu sacos plásticos contendo os restos mortais da vítima em um terreno baldio na Folha 17 e no lixão localizado na BR-230, como foi noticiado pelo CORREIO na última edição do Jornal (3.072).
“Ele foi preso em flagrante pela ocultação de cadáver e, durante o interrogatório, descreveu como escondeu o corpo”, disse a delegada. Depois o homem confessou à polícia que foi contratado pelo marido de Andreia para que fizesse o “serviço”. “No domingo pela manhã, nós representamos ao poder judiciário tanto a prisão preventiva do João Batista quanto a do Jonair, marido de Andreia”.
A prisão foi decretada na tarde do mesmo dia, no entanto, João Batista já estava detido, em função do flagrante por ocultação de cadáver. O mandado de prisão contra o marido da vítima foi cumprido na noite do último domingo (25). “Agora nós vamos levantar as informações e comprovar outros elementos, já que, segundo João Batista, há uma terceira pessoa envolvida na prática criminosa”, revelou a autoridade policial.
Segundo a delegada Raissa, a motivação do crime foi passional, uma vez que Jonair tinha um sentimento de posse por Andreia. Levando-se em conta ainda, que a vítima recebia menções de cunho romântico de outros indivíduos.
Venda da moto
A delegada acrescentou que foi possível apurar que o acusado fingia ser tanto Eliane quanto Tiago, através de dois números de telefone diferentes. Ainda segundo ela, ele foi quem negociou a moto com os rapazes que foram achados em posse do veículo no dia 18 deste mês. “O documento da motocicleta foi encaminhado pela Andreia, mas não para venda do veículo. João Batista já tinha acesso à mulher, se passando por Tiago, e ela enviou o documento a ele para que pudesse identificar pendências relacionadas a moto e as regularizasse”.
Ele se aproveitou da ocasião para vender a moto, uma vez que seria a primeira forma de pagamento. O restante do dinheiro seria entregue em janeiro. De acordo com a delegada, João Batista disse que receberia um total de R$5 mil de Jonair. João Batista já está respondendo pelo crime de ocultação de cadáver e vai ser autuado como coautor do homicídio. Enquanto o marido vai responder por feminicídio e pode ser autuado por ocultação, caso seja comprovada participação.
Na manhã desta segunda-feira (26), familiares de Jonair transitaram pela delegacia. Uma irmã do acusado chegou a dizer para a imprensa que os parentes se posicionariam sobre caso, após conversa com a delegada. No entanto, eles se esquivaram da reportagem, juntamente com o advogado a frente do caso. O CORREIO ainda os procurou na tarde do mesmo dia, porém foi informado que, seguindo a recomendação do advogado, eles não falariam com o Jornal.
“A repercussão do caso foi muito grande, a brutalidade do crime choca a cidade e em uma sequência, já que nós tivemos recentemente o caso da Valéria. E fica nítida para a gente a banalização da vida humana e, é por isso, que a gente insiste tanto na participação da população, seja por meio do Disque-denúncia ou que venha a delegacia”, concluiu a delegada Raissa.
Entenda a cronologia do crime
O desaparecimento de Andreia foi registrado no sábado dia 17 por Jonair Souza, marido da vítima. Segundo ele, ela teria ido ver um conjunto de kitnets na Folha 12 com uma pessoa identificada como Tiago, não retornando mais para casa. No dia 19, pessoas foram apresentadas na delegacia, após serem encontradas em posse da moto da mulher desaparecida. Elas foram liberadas depois que foi comprovado que não passava de uma compra e venda, sem identificação do vendedor, como informou o delegado Toni Vargas, que assumiu o caso na segunda-feira (19).
“Na terça, logo pela manhã, tivemos a notícia de que um crânio tinha sido encontrado na Folha 11, e o delegado que estava saindo do plantão se dirigiu até o local. Após perícia foi constatado que o crânio era feminino e alguns objetos foram recolhidos com a cabeça e levados ao IML”, detalhou. Imagens de câmeras que já tinham chegado à delegacia foram analisadas pela polícia e às 19h30 da terça-feira (20) tinha-se o rosto de um suspeito.
“Na quarta-feira pela manhã, decidi conversar com o perito de local de crime para perguntar se havia algum objeto levantado no local. Ele disse que tinha achado um prendedor de cabelo amarelo e a partir desse objeto eu chamei as pessoas mais próximas da família para possível identificação do objeto”, disse o delegado.
Segundo ele a primeira pessoa a ver o objeto foi Jonair, que demonstrou uma reação confusa ao ver o prendedor de cabelo. Logo depois, o filho mais velho do casal, de 12 anos, fez o reconhecimento do objeto. Uma visita à casa de Jonair foi feita, com a sua autorização.
“O objetivo era buscar um objeto igual aquele, se não entrássemos a probabilidade de o crânio pertencer à Andreia seria enorme. Ele não foi encontrado. A partir daí, tínhamos a materialidade delitiva, ou seja, o desaparecimento passou a ser tratado como homicídio e a possibilidade de um feminicídio”. Durante a visita à residência, foram encontradas cartas de amor endereçadas à Andreia, que não eram de autoria de Jonair.
(Nathália Viegas)
TC
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